O Estado de S. Paulo

PSB lança França, que mira eleitor anti-doria.

Ex-governador buscará o voto do eleitorado bolsonaris­ta disparando críticas ao tucano

- Paula Reverbel

Com críticas ao governador João Doria (PSDB) e ao presidente Jair Bolsonaro, de forma mais branda, o ex-governador Márcio França foi confirmado candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSB ontem durante evento na Câmara Municipal. França dá sinais de que tentará agradar ao eleitor bolsonaris­ta com ataques a Doria, em vez de fazer elogios ao presidente

Após a convenção, em coletiva de imprensa, França dividiu os candidatos à Prefeitura em dois campos: os que estão alinhados a Doria e os que se opõem ao governador. Ele se coloca como o candidato mais forte do segundo grupo e cita como um dos fundamento­s o fato de ter ganhado na cidade de São Paulo quando foi derrotado na eleição de 2018. Além disso, cita o tempo de rádio e TV que deverá ter à disposição – faixa que só deve ser menor que a do prefeito Bruno Covas (PSDB).

“Quero lembrar que, na eleição passada, no primeiro turno, eu tive 23% dos votos na cidade. Com muitos candidatos, quem tiver 20% dos votos aqui em São Paulo estará no segundo turno”, argumentou França.

A campanha do ex-governador aposta que terá sucesso num eventual segundo turno contra Covas. “Quando ele fala do Doria, não é pelo fato de ele ser governador, mas pelo fato de o Bruno, o atual prefeito, estar no mandato para o qual o Doria foi eleito. E claro que também temos noção da rejeição do governador que se estende para o Bruno na capital. As pesquisas que apontam a liderança dele também indicam um descontent­amento muito grande”, afirmou ao Estadão o deputado estadual Caio França (PSB), filho do candidato.

Uma pesquisa divulgada ontem pela Consultori­a Atlas apresenta Covas com 16% das intenções de voto, seguido por Guilherme Boulos (PSOL), com 12,4%, Celso Russomanno (Republican­os), com 12,3% e França, com 11,5%. A pesquisa foi feita pela internet, entre 26 de agosto e 1.º de setembro e ouviu 1.514 pessoas. Foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número SP06002/2020.

Presidente. Diferentem­ente de outros eventos em que elogiou a gestão federal e o auxílio emergencia­l de R$ 600, ontem França dirigiu críticas brandas ao presidente da República. “Aqui, em São Paulo, nenhum dos dois manda”, disse, citando Doria e Bolsonaro. Afirmou, ainda, que não concorda com a forma de o prefeito governar por avaliar que a Prefeitura atende a muitas exigências do governador.

Ao falar do desempenho do governo federal, França citou a recessão e alta do preço do arroz. “E, além de tudo, vai o arroz a R$ 40. Daqui a pouco você vai ter que trabalhar o mês todo para comprar um saco de arroz.”

França também disse que o presidente e o governador não têm plano para a economia. E disse ter elaborado um projeto de investimen­to emergencia­l em São Paulo para ser implementa­do em janeiro. O plano envolve a criação de uma frente de trabalho em que pessoas prestam serviços de zeladoria para a cidade três vezes por semana em troca do recebiment­o de um auxílio emergencia­l. Uma parte do dinheiro necessário viria da demissão de ocupantes de cargos comissiona­dos.

Com perfil de articulado­r político, França é o único candidato além de Covas que conseguiu formar uma coligação. Ele tem apoio de PDT – que vai confirmar hoje, em convenção, a indicação do vice, Antônio Neto –, Solidaried­ade, Avante e PMN. Bruno Covas compôs aliança com MDB. PP, DEM, PL, PSC, Podemos e Pros.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Aliança. Ex-governador, Márcio França juntou outros quatro partidos em sua coligação

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