Pré-candidata à prefeitura do Rio e secretário de Educação são presos
Cristiane Brasil e Pedro Fernandes viraram réus pelos crimes de fraude em licitação, corrupção e lavagem de dinheiro
Pré-candidata à prefeitura do Rio pelo PTB, a ex-deputada federal Cristiane Brasil, filha do deputado cassado Roberto Jefferson, delator do mensalão, foi presa ontem por suspeita de receber propina. Além dela, foram detidos o atual secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes (PSC), um empresário, um delegado da Polícia Civil e um ex-diretor da Fundação Leão XIII.
A denúncia apresentada contra os cinco alvos da Operação Catarata 2, e mais 20 investigados, já foi aceita pela 6.ª Vara Criminal. Eles se tornaram réus pelos crimes de organização criminosa, fraudes em licitações, peculato, corrupção ativa e passiva, lavagem de capitais e embaraço a investigação.
Cristiane é a terceira postulante à prefeitura do Rio alvo de investigação nesta semana. Antes, houve buscas contra Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos).
Os mandados eram de prisão preventiva, mas Fernandes apresentou um teste positivo para covid-19 e, por isso, ficou em domiciliar. Cristiane e Fernandes negam as acusações.
O grupo é acusado de envolvimento num suposto esquema de desvios em contratos da Fundação Leão XIII, braço de assistência social do Executivo estadual. Segundo o MP, Fernandes participou dos supostos crimes quando era secretário de Assistência Social e Direitos Humanos do governo de Luiz Fernando Pezão (MDB). Já Cristiane, quando foi secretária municipal de Envelhecimento Saudável na capital fluminense.
Segundo os investigadores, os dois faziam parte do núcleo político de uma organização criminosa que fraudou licitações de quase R$ 120 milhões. O suposto esquema envolveria o pagamento de propinas que variariam de 5% a 25% dos contratos.
Cristiane não estava em casa, no bairro de Copacabana, quando os agentes chegaram ontem para cumprir o mandado. Por meio de sua defesa, ela afirmou que estava em agenda no interior. A filha de Jefferson, atualmente um dos principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, se apresentou por volta das 15h30 na sede da Secretaria de Polícia Civil.
Núcleos. De acordo com o Ministério Público, para dar aparência de competitividade e fraudar as licitações, os réus usavam empresas compostas por familiares, empregados e pessoas próximas, assim como organizações sociais. A organização era integrada por três núcleos – empresarial, político e administrativo – e atuava no direcionamento de licitações para contratar empresas que participariam do esquema. Para isso, diz o MP, o grupo pagava propinas a servidores públicos e a agentes políticos responsáveis pelas secretarias municipais e pela Fundação Leão XIII.
Defesas. Em vídeo gravado de dentro de um carro e publicado no Instagram, Cristiane Brasil disse que a operação de ontem teve motivações políticas e acusou adversários.
Por meio de sua assessoria, Pedro Fernandes se disse “indignado” com a operação e afirmou que seu advogado buscava acesso ao processo desde julho. “A defesa colocou Pedro à disposição das autoridades para esclarecimentos na oportunidade. No entanto, Pedro nunca foi ouvido e só soube pela imprensa de que estava sendo investigado”, afirmou sua assessoria.
A reportagem não conseguiu localizar as defesas ds demais acusados, nem das empresas citadas na denúncia.