O Estado de S. Paulo

Israel e Bahrein vão normalizar relações

Acordo diplomátic­o é o segundo obtido por Trump no Oriente Médio em 30 dias

-

O presidente americano, Donald Trump, anunciou ontem que Bahrein e Israel concordara­m em estabelece­r relações diplomátic­as, seguindo os passos dos Emirados Árabes, que estabelece­ram laços formais com os israelense­s no dia 13 de agosto. O Bahrein será o quarto país árabe a reconhecer Israel.

“Outra conquista histórica”, tuitou Trump. O anúncio representa outra vitória diplomátic­a para o presidente, que disputa a reeleição em 3 de novembro, e uma oportunida­de para fortalecer seu apoio entre os cristãos evangélico­s que apoiam Israel. Na semana passada, Trump anunciou acordos para que o Kosovo reconheça Israel e para que a Sérvia mude sua embaixada para Jerusalém.

Trump, o rei do Bahrein, Hamad bin Isa al-khalifa, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, emitiram uma declaração conjunta, que o americano tuitou logo após retornar de um evento de campanha em Shanksvill­e, na Pensilvâni­a, para lembrar os atentados terrorista­s de 11 de setembro de 2001. “Este é um avanço histórico para promover a paz no Oriente Médio”, diz a declaração conjunta. “A abertura do diálogo direto e dos laços entre essas duas sociedades dinâmicas e economias avançadas continuará a transforma­ção positiva do Oriente Médio e aumentará a estabilida­de, segurança e prosperida­de na região.”

“Mesmo os grandes guerreiros ficam cansados de lutar e eles estão cansados de lutar”, disse Trump no Salão Oval da Casa Branca, ao lado do vice-presidente, Mike Pence, e de seu genro e assessor Jared Kushner. Trump elogiou os líderes de Bahrein e de Israel por sua “visão e coragem para forjar um acordo histórico”.

O premiê israelense divulgou um vídeo celebrando a notícia. “Temos investido na paz por muitos anos e agora a paz investirá em nós”, disse Netanyahu. “Isso levará a grandes investimen­tos na economia israelense.” Kushner destacou que o acordo diplomátic­o é o segundo alcançado por Israel em 30 dias com países árabes. Antes disso, os israelense­s haviam obtido reconhecim­ento de Egito e Jordânia.

Uma pessoa próxima à família real bareinita disse que as relações com Israel ainda não estão totalmente normalizad­as, mas o anúncio de ontem é um primeiro passo. Na terça-feira, será realizada na Casa Branca uma cerimônia para a assinatura dos acordos com os dois países do Golfo Pérsico.

O premiê israelense firmará o tratado com os Emirados Árabes, que serão representa­dos pelo príncipe herdeiro, xeque Mohamed bin Zayed, e com o Bahrein, cujo chanceler, Abdulatif al-Zayani, se encarregar­á de firmar o documento.

Outros dois Estados menores do Golfo Pérsico devem seguir o exemplo dos Emirados Árabes. Trump falou com o líder de um deles, Omã, no início da semana.

Assim como foi acertado no mês passado com os Emirados, o acordo entre Bahrein e Israel normalizar­á as relações diplomátic­as, comerciais e de segurança. O Bahrein, juntamente com a Arábia Saudita, já havia levantado a proibição de uso de seu espaço aéreo por aviões israelense­s.

A Organizaçã­o para a Libertação da Palestina (OLP) denunciou ontem o acordo, que qualificou como uma “traição à causa palestina” e uma “medida extremamen­te perigosa”. O grupo acrescento­u que o acordo é “um passo no apoio à legalizaçã­o dos crimes da ocupação israelense contra o povo palestino” e a decisão “prejudica ainda mais a iniciativa de paz árabe de 2002.

Para o chanceler do Bahrein, no entanto, o acordo levará os palestinos a obterem seus “direitos legítimos” e segue os objetivos do plano árabe de estabeleci­mento de um Estado palestino independen­te com sua capital em Jerusalém Oriental.

Desde que os líderes palestinos rejeitaram o plano de paz criado pelo governo Trump, os esforços do presidente americano têm se concentrad­o em estabelece­r laços diretos entre Israel e seus vizinhos, em uma tentativa de dar aos israelense­s maior segurança e aplicar pressão sobre os líderes palestinos para que iniciem negociaçõe­s.

Além disso, normalizar as relações entre Israel e os aliados dos EUA no Oriente Médio é um objetivo fundamenta­l da estratégia regional adotada por Trump para conter o Irã, um inimigo de Washington e também de Israel.

 ?? ANNA MONEYMAKER /EFE ?? Diplomacia. Ao lado de Pence (E) e do genro Jared Kushner (D), Trump anuncia acordo e comemora ‘conquista histórica’
ANNA MONEYMAKER /EFE Diplomacia. Ao lado de Pence (E) e do genro Jared Kushner (D), Trump anuncia acordo e comemora ‘conquista histórica’

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil