Prefeitura de SP diz que covid avança entre classes A e B e em distritos nobres
‘São nas áreas com o IDH mais alto: Vila Mariana, Pinheiros, Moema, Mooca, Santana e Morumbi’, disse o secretário de Saúde. Os crescimentos variam entre 53% e 56%. Situação não muda procura nos hospitais, que se mantém estável, mas pode afetar volta às au
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou ontem que os dados do quinto inquérito sorológico em adultos, que deverá ser divulgado na semana que vem, mostram aumento de contaminação em adultos das classes A e B na região oeste da capital. Mais tarde, o secretário de Saúde, Edson Aparecido, destacou que o avanço, entre 53% e 56% atinge todo o centro expandido, destacando as regiões com melhores condições de vida (IDH alto)
“Alguns números estão sendo tabulados e deixam a secretaria da Saúde e a Prefeitura preocupadas”, disse Covas, no Palácio dos Bandeirantes, após coletiva ao lado do governador, João Doria (PSDB). “Essa foi uma doença que começou na região central, depois atacou em especial a periferia, e todos os inquéritos sorológicos mostram prevalência maior nos bairros de menor IDH. Mas esse dado tabulado (agora) traz esse aumento de 56% na região oeste da capital.”
Ao Estadão, Aparecido detalhou que o aumento não é restrito à zona oeste. “São nas áreas com o IDH mais alto. Vila Mariana, Pinheiros, Moema, Mooca, Santana e Morumbi”, disse. Os crescimentos variam entre 53% e 56%. A alta foi calculada com base nos dados da primeira semana de setembro, na comparação com a fase interior do inquérito, de meados de agosto.
Para o secretário, a alta está acontecendo na população que conseguiu fazer melhor o isolamento social durante o auge da pandemia, mas que agora está saindo às ruas e está sendo infectada. Mas destaca que o dado não é indicativo de uma segunda onda iminente. “Esse aumento é em uma forma como a que ocorreu no começo da pandemia.” Além disso, ele afirma que o aumento não foi detectado com base em uma procura maior por atendimento médico. “É o número de pessoas que tiveram contato com o vírus, mesmo assintomáticas.” Procurados pela reportagem, os Hospitais Sírio Libanês e São Luiz do Morumbi afirmaram que, de
Proteção
“Caso tenhamos autorização (da Saúde e da Vigilância) para retornar às aulas, as escolas municipais estão tão preparadas quanto qualquer unidade da rede privada, sem deixar a desejar em proteção.”
Bruno Covas
PREFEITO
fato, não registraram aumento de procura – a demanda se mantém estável nas últimas quatro semanas. O Hospital Albert Einstein também foi procurado, mas não se pronunciou.
Os resultados dos últimos inquéritos sorológicos feitos pela Prefeitura sempre mostraram uma prevalência da doença em bairros mais periféricos. No primeiro resultado divulgado, por exemplo, a doença havia atingido a 12,5% dos moradores da zona leste; na zona sul, a taxa era de 7,5% da população. Depois, foi maior na zona sul, com 11%, e foram considerados hotspots, com maior concentração de positivos, bairros como Brasilândia, Cachoeirinha, Jaçanã, Liberdade, Santa Cecília, Cidade Ademar, Jardim São Luís, Campo Limpo, Capão Redondo, Parque São Lucas, Sapopemba, Itaim Paulista, Itaquera e Lajeado. Na divulgação dos resultados de uma nova etapa, no fim de julho, Covas afirmou que os principais fatores associados à doença continuavam relacionados a pobreza e vulnerabilidade social. “O vírus está jogando luz sobre a desigualdade que nós temos na cidade de São Paulo”, disse. Por fim, na divulgação da quarta fase (a anterior), o inquérito mostrou que pessoas das classes D e E tinham três vezes mais chance de ter a doença do que as das classes A e B.
Escolas. Por ora, a Prefeitura não estuda retroceder em nenhuma medida de abertura econômica já adotada. A atenção, disse Aparecido, está no resultado do inquérito sorológico escolar. O resultado, aliado ao inquérito de adultos, pode afetar as decisões sobre volta às aulas na capital. “Especialmente porque nessas regiões de IDH mais alto as escolas particulares querem voltar”, disse Aparecido.
Pela manhã, Covas visitou uma escola municipal da Vila Curuçá, região de São Miguel Paulista, no extremo da zona leste, para verificar os protocolos de higiene que estão sendo preparados. No local, ele reiterou que a possibilidade de retorno ou não só será definida na próxima semana. Segundo a Prefeitura, as escolas terão 6,2 mil termômetros para medir a temperatura dos estudantes.
Cada aluno da rede pública vai receber um kit de higiene, com três máscaras de tecido, álcool em gel e sabonete, além de caneca para usar os bebedouros. Ao todo, 760 mil kits foram adquiridos, segundo a administração municipal. Por sua vez, os professores receberão 75 face shields – os protetores faciais. O investimento previsto seria de R$ 32,1 milhões, de acordo com a gestão Covas.
No local, a Prefeitura expôs uma sala de aula com basculantes abertos e parte das carteiras interditada por fita zebrada. Segundo o modelo, os alunos devem ser distribuídos em uma fileira sim e outra não. Na vertical, também há distância de uma cadeira vazia a cada dois estudantes. O secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, afirma que as unidades vão, ainda, suspender o modelo de self service na hora da merenda para reduzir riscos de contaminação por coronavírus. “Vai ser só PF (prato feito)”, disse.
Para realizar transmissão ao vivo das aulas, a Prefeitura diz ter instalado cabos de rede nas 13 mil salas municipais de ensino infantil, fundamental e médio. Em outubro, um terço das salas deve ser equipado com computador do professor, tela, projetor, caixa de som e internet banda larga. Em novembro, mais um terço. Assim, em dezembro, 100% dos espaços estariam preparados para classes a distância, segundo o cronograma da gestão Covas.