Aglomerações podem estar por trás de alta
Por mais que a flexibilização da quarentena esteja sendo gradual, especialistas consideram que o comportamento humano pode ser um dos responsáveis por esse crescimento entre as classes A e B.
“Houve aumento na mobilidade das pessoas em agosto, quando as regras foram mais flexibilizadas e bares e restaurantes, mais frequentados. A população com condição socioeconômica mais favorecida pôde ir com mais frequência a esses ambientes e, por se aglomerar bastante, essa pode ser a principal variável envolvida com esse aumento”, diz o pesquisador Vitor Engrácia Valenti, professor livre-docente na Universidade Estadual Paulista de Marília.
Ele avalia que a flexibilização pode passar a falsa impressão de que a pandemia está sendo controlada. “Se essas medidas são realizadas de modo muito intenso ou descuidado, pode causar novos surtos. Os casos podem demorar mais para se estabilizar, ou não cair ou aumentar um pouco em outubro por conta do feriado de 7 de setembro.”
O infectologista e epidemiologista Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, membro do Comitê de Contingência da Covid-19 do Estado de São Paulo, considera que esse crescimento apontado por Covas segue um percurso visto em outros países. “Agora, vemos pequenos movimentos dentro da grande tendência da covid. Durante esses pequenos movimentos, grupos populacionais específicos que relaxaram muito as medidas de afastamento social têm aumento súbitos”, explica.
O médico observa que a covid-19 tem diminuído no Estado de São Paulo, especialmente na capital, mas isso não representa uma situação que, segundo ele, permite uma fala triunfalista. “Entendo que o Covas falou desse aumento como alerta”, diz Fortaleza.