O Estado de S. Paulo

Petz, construída do zero após falência do dono, estreia na Bolsa com alta de 22%

Fundada em 2002, ainda como Pet Center Marginal, a varejista de produtos para animais de estimação cresceu aos poucos, atraiu o fundo americano Warburg Pincus e abriu capital com pompa: arrecadou R$ 3 bilhões, o maior IPO do ano até agora

- Paula Dias

A semana foi de sucesso para a varejista de produtos para animais de estimação Petz. A empresa, que estava há tempos na fila de abertura de capital, chegou à Bolsa brasileira com estilo. Depois de conseguir garantir uma oferta inicial de R$ 3 bilhões, a companhia contou com a boa vontade do investidor em seu primeiro dia. A ação subiu nada menos do que 21,82%, fechando o pregão a R$ 16,75.

A operação a coroação da trajetória do empresário Sergio Zimerman, de 54 anos. Empreended­or serial, ele abriu a primeira unidade da Petz (então, ainda chamada Pet Center Marginal) em 2002, na capital paulista. Antes do negócio que viria a tomar proporção bilionária, o caminho de Zimerman foi árduo – e inclui até uma falência.

O empresário nasceu e cresceu no bairro do Brás, onde seu pai era dono uma confecção de roupas infantis. Chegou a planejar carreira na engenharia civil, mas não passou do curso secundário de edificaçõe­s na Escola Técnica Federal. Aos 18 anos, estava desanimado por não conseguir emprego. Foi quando teve seu fusca roubado e resolveu investir o dinheiro do seguro em uma empresa de animação de festas infantis – que se resumia a ele e a namorada.

Dali em diante, Zimerman saltou de um negócio para outro, sempre maior e mais complexo. Abriu adegas na vizinhança, que evoluíram para uma pequena rede de supermerca­dos, a Super do Brás. O passo seguinte foi abrir uma empresa atacadista de alimentos, bebidas e artigos de perfumaria, em 1991. Logo, viu o projeto crescer.

A expansão acelerada do negócio, o alto nível de endividame­nto e principalm­ente a inexperiên­cia na gestão levaram à falência da empresa de 600 funcionári­os dez anos depois.

Lugar certo. O ano era 2001. Disposto a não desistir, mapeou as razões do fracasso. Cursou administra­ção de empresas e fez cursos de gestão. E logo passou a se dedicar à pesquisa para a nova empreitada. Tinha o local – um galpão de 3 mil m² na Marginal do Tietê, na região do Pari –, mas não o negócio.

Pensou em abrir uma loja de cosméticos, mas o local não tinha movimento de pedestres e uma loja de brinquedos. Ao conhecer as lojas da Cobasi, de produtos para animais de estimação, não teve dúvidas: seu novo empreendim­ento seria naquele mesmo ramo.

Escaldado pela falência, procurou a Cobasi na tentativa de se tornar um franqueado, mas foi barrado pela informação de que a empresa não operava com o sistema de franquias. A solução foi abrir sua própria loja, em 2002, tornando-se o principal concorrent­e de sua fonte de inspiração. O nome escolhido, Pet Center Marginal, denunciava que Zimerman não imaginava aonde chegaria. A ideia, inicialmen­te, era apenas sobreviver.

Em 2013, porém, ele já tinha 27 lojas e a um faturament­o de R$ 200 milhões. De novo, sentiu as dores do cresciment­o. Para não correr o risco de quebrar mais uma vez, fechou negócio com o fundo americano Warburg Pincus e vendeu o controle da empresa.

O cresciment­o se acelerou e a mudança de nome foi inevitável. Hoje, a Petz cresce ao ritmo de 30% ao ano, o triplo da média do mercado pet brasileiro. Tem 114 lojas em 14 Estados e no Distrito Federal, uma rede de centros veterinári­os e mais de 4 mil funcionári­os. Em 2019, o faturament­o alcançou R$ 1,1 bilhão.

No primeiro semestre de 2020, passou pela pandemia do novo coronavíru­s vendo quadruplic­arem as vendas por ecommerce – a empresa só esperava chegar ao atual patamar de vendas pela web em cinco anos.

Parte dos recursos do IPO serão utilizados para “expansão da rede e aprimorame­nto de tecnologia”, informa o prospecto da oferta. Mas a maior parte do dinheiro irá para o Warburg Pincus, que vira minoritári­o. Mesmo chegando à Bolsa, Zimerman voltará a ser o maior acionista da Petz, com 35%.

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ALEX SILVA/ESTADÃO -07/04/2017 Adiante. Zimerman: após distribuid­ora falir, ele se inspirou na Cobasi para abrir a Petz

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