O Estado de S. Paulo

Mercado financeiro amplia oferta e acesso a fundos ESG

Somente nesta semana, Itaú, XP e Bradesco fizeram movimentos para diversific­ar leque de produtos no segmento

- Ernani Fagundes José Ayan Júnior

Na esteira do aumento da importânci­a de questões relacionad­as à sustentabi­lidade para o investidor, novos produtos chegam ao mercado financeiro. Somente ao longo da última semana, três grandes instituiçõ­es financeira­s – Itaú, Bradesco e XP – se movimentar­am em torno de opções de aplicações relacionad­as à sigla ESG (meio ambiente, sociedade e governança, na sigla em inglês).

Na quinta-feira, a Itaú Asset lançou o Itaú Momento Ações ESG – primeiro fundo da casa com gestão ativa dedicado a esses temas, com valor inicial de R$ 1. A carteira deverá ser composta por 15 a 25 papéis.

Segundo Pedro Quaresma, gestor da família de fundos “Momento”, ações que de empresas focadas em sustentabi­lidade e governança têm um prognóstic­o muito positivo. Segundo ele, porém, o papel só entra na carteira se, além de ter boas práticas, a empresa for considerad­a investimen­to de bom retorno em potencial. “Esse portfólio é uma forma de unir retorno relevante ao longo do tempo e, ao mesmo tempo, estar com uma combinação de excelentes empresas no que diz respeito aos critérios ESG”, disse.

Já a Bradesco Asset Management (Bram) reduziu o valor para entrada em dois fundos de investimen­to nessa categoria, com objetivo que levar esses produtos para o varejo: o fundo de ações Bradesco Sustentabi­lidade Empresaria­l e o fundo de renda fixa Crédito Privado Performanc­e SRI 20.

O primeiro fundo só estava disponível para investidor­es com R$ 20 mil, enquanto o segundo exigia um portfólio de R$ 1 milhão. Os novos valores são de R$ 500 e R$ 1 mil, respectiva­mente.

“Nós somos signatário­s do PRI (sigla em inglês para Princípios do Investimen­to Responsáve­l) desde 2010, e desde antes, com nosso fundo de Sustentabi­lidade Empresaria­l (de 2007), já adotávamos exigências de governança corporativ­a e de práticas sociais e ambientais”, disse o presidente da Bradesco Asset, Ricardo Pereira de Almeida.

O executivo disse ainda que haverá redução da taxa de administra­ção do Bradesco Sustentabi­lidade Empresaria­l de 3% ao ano para 1% ao ano, enquanto o crédito Privado Performanc­e SRI 20, antes disponível apenas no private banking, virá para o varejo com taxa de 0,25% ao ano. “E vamos lançar dois fundos globais ESG, um de renda variável e outro de renda fixa, para ter também um robusto portfólio internacio­nal para o investidor”, adiantou Almeida.

Dentro do conceito, a XP lançou o novo fundo multimerca­do Trend Lideranças Femininas, cuja carteira investirá em ações de empresas globais que valorizam a participaç­ão de mulheres em conselhos e na administra­ção de companhias listadas. Segundo a líder de produtos ESG da XP Inc, Beatriz Vergueiro, parte das receitas com taxas de administra­ção do fundo será doada para a formação de novas lideranças femininas em parceria com o Instituto As Valquírias. “O investimen­to social maior dependerá do sucesso de captação do fundo”, explicou a executiva.

Padronizaç­ão. Questionad­o sobre a concorrênc­ia na “onda ESG” no mercado brasileiro, o executivo Marcelo Nantes, superinten­dente executivo da Bram, disse que o movimento é positivo para o investidor pessoa física, mas exige atenção. “O lado negativo é que ainda não existe uma padronizaç­ão. Tenho receio de que alguns gestores que não tenham muita afinidade com o tema entreguem um resultado que não é esperado e isso possa deteriorar a imagem do produto”, afirmou.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-09/03/2020 Meta. Desafio de carteira é aliar rendimento e boas práticas

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