ENTRE PÁGINAS E MEMÓRIAS
Marcas deixadas nos livros ampliam a experiência literária
Relação com livros inclui de intervenções, como a de Wolney Fernandes (foto), à garimpagem de marcas na obra.
Caetano Veloso já definiu os livros como objetos transcendentes e, ao mesmo tempo, dignos de nosso “amor táctil”. Claro, há quem prefira mantê-los intactos. Por outro lado, tem quem sugira que um verdadeiro leitor é aquele que deixa suas marcas ao longo das páginas. Morto em fevereiro, o crítico literário George Steiner afirmava que a presença de um lápis na mão – para riscar, sublinhar e fazer anotações nas margens do texto – revela um leitor que reage e responde à obra que está lendo.
Para o artista visual Wolney Fernandes, essa relação vem se modificando. “Eu tinha um cuidado muito grande em preservar os livros, achava que tinham um caráter sagrado, mas, ultimamente, tenho sentido uma vontade maior de escrever, rabiscar e fazer uma espécie de troca: o livro me marca, e eu quero deixar uma marca nele também. Quero tirar essa assepsia do modo como me relaciono com a leitura”, explica.
A curiosidade em descobrir as marcas deixadas por antigos leitores inspira a iniciativa da cantora e compositora Carol Naine, que criou o perfil do Instagram Quem Sabe Sebo. Movida pela vontade de compartilhar “a história do livro e da vida que o livro teve”, ela mantém a página como um hobby. “Na hora que vou comprar um livro, fico buscando qualquer marca para descobrir uma história”, relata.