O Estado de S. Paulo

Siglas fecham alianças em SP como ensaio para 2022

Ao confirmare­m seus candidatos à Prefeitura paulistana, PSDB, PT e PDT dão sinais de como deverão agir para se contrapor a Jair Bolsonaro, que tentará a reeleição

- Paula Reverbel Pedro Venceslau Ricardo Galhardo

Convenções partidária­s realizadas ontem em São Paulo indicam o caminho que partidos devem traçar até as eleições presidenci­ais de 2022. Em seus discursos, dirigentes de PSDB, PDT e PT destacaram a intenção de repetir, daqui a dois anos e para se contrapor ao presidente Jair Bolsonaro, alianças construída­s na eleição paulistana.

O acordo fechado entre PSDB, MDB e DEM pela reeleição do prefeito tucano Bruno Covas é parte de uma articulaçã­o nacional. O MDB indicou o candidato a vice na chapa, o vereador Ricardo Nunes, e tem apoio da aliança à candidatur­a do deputado Baleia Rossi (MDB) à presidênci­a da Câmara dos Deputados, em fevereiro do ano que vem.

“Após as eleições deste ano teremos uma indicação mais clara da força dessa união, que, no plano nacional, integra PSDB, MDB e DEM”, disse Doria, que tem intenção de concorrer à Presidênci­a e deixar, no governo do Estado, seu vice, Rodrigo Garcia (DEM). A aliança de Covas, a maior da capital paulista, tem mais sete partidos: Podemos, PSC, Progressis­tas, PL, PROS, Cidadania e PV.

Após a declaração de Doria, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a eleição de novembro “é uma prévia do que pode acontecer no futuro” e que é preciso “aproveitar a campanha para dar a sensação que (o Brasil) pode ter um rumo”. A opinião foi seguida pela ex-ministra Marta Suplicy, que pretende deixar o Solidaried­ade para apoiar Covas, enquanto a legenda anunciou apoio ao exgovernad­or de São Paulo Márcio França (PSB).

“Vivemos um momento difícil, com um presidente desprepara­do”, disse Marta, que, quando foi prefeita, entre 2001 e 2004 pelo PT travou inúmeros debates com os tucanos, de quem ganhou o apelido de “Martaxa”, devido à criação de novos tributos. “A gravidade dessa situação me levou, desde o ano passado, a conversar com todas as forças democrátic­as no sentido da construção de uma frente ampla”, declarou a ex-ministra, durante a convenção do PSDB.

A convenção do PDT, em que foi oficializa­do o apoio da sigla à candidatur­a de Márcio França à Prefeitura, também teve recados sobre a formação de uma coalizão futura. “Essa união é apenas um prenúncio da formação da esquerda democrátic­a e dos trabalhist­as para um projeto de desenvolvi­mento nacional”, disse Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB.

Além de São Paulo, PSB e PDT estão juntos em ao menos outras quatro capitais, segundo Siqueira. As legendas alternam as cabeças de chapa. Em São Paulo, o PDT indicou o presidente municipal da legenda, Antonio Neto, como vice de França. “A gente vai dar o sinal de que o Brasil está construind­o um caminho novo, diferente dos ódios e paixões que levaram nosso País à tragédia que estamos vivendo hoje”, disse Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado na corrida presidenci­al de 2018, em vídeo enviado para a convenção.

Embora não tenha aliados na eleição municipal, a primeira vez que isso acontece desde 1989, o PT também tenta dar um caráter nacional à disputa de novembro (mais informaçõe­s na página A5). Em vídeo reproduzid­o na convenção, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse: “A partir de São Paulo e de cada cidade neste país vamos juntos reconstrui­r este nosso Brasil”. A “reconstruç­ão” é o mote nacional das campanhas do PT nessas eleições municipais. A sigla deve trabalhar o mote “Quem defende vc é o PT”.

Prefeito. Em entrevista coletiva, Covas se apresentou como um candidato de centro. “Muito mais que 2022, o pano de fundo da candidatur­a é a retomada do centro como polo importante do País. Muito mais importante que eleição presidenci­al”, disse o tucano em uma entrevista coletiva. Além de Marta, FHC e líderes tucanos, o lançamento de sua candidatur­a foi acompanhad­o pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Questionad­o sobre Bolsonaro, Covas respondeu: “Já não votei nele em 2018. Não tenho pretensão de fazer campanha pra ele em 2020. Minha candidatur­a representa o centro.”

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TABA BENEDICTO / ESTADÃO Participaç­ão. Bruno Covas vota no primeiro diretório aberto pelo PSDB, no Tatuapé, antes de ser lançado em convenção

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