O Estado de S. Paulo

Universida­de visitada por ministros é autuada por aglomeraçã­o

- Mateus Vargas / BRASÍLIA

O Ministério Público Federal (MPF) investiga possíveis violações de medidas sanitárias em evento realizado anteontem em Fortaleza, com a presença do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, e da ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

Segundo o MPF, a apuração começou após a vigilância sanitária autuar uma universida­de que recebeu os ministros em cerimônia do programa “Ações de Educação em Saúde em Defesa da Vida”, do governo federal.

A Secretaria de Saúde do Ceará afirma que equipes da vigilância encontrara­m “aglomeraçã­o e pessoas circulando sem máscara de proteção” no local. Um segundo evento seria realizado ontem na Igreja Ministério Canaã, também em Fortaleza, mas foi cancelado pela Saúde.

Eventos ou atividades “com risco de disseminaç­ão da covid19” estão suspensos no Ceará até hoje. A partir de amanhã, cerimônias serão autorizada­s em Fortaleza sob restrições, como lotação máxima de 100 pessoas.

O MPF pediu informaçõe­s ao governo local sobre “providênci­as adotadas” sobre o evento.

Na cerimônia de anteontem, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro (Novo), minimizou o descumprim­ento das regras sanitárias. “Eu louvo a Deus porque descumprim­os o decreto, trazendo muitas pessoas, de máscara, para salvar vidas no Estado do Ceará, para mudar o Brasil”, afirmou Mayra, que foi candidata ao Senado em 2018 pelo PSDB e faz oposição ao governador Camilo Santana (PT) no Estado.

A ideia do projeto do governo federal é instruir profission­ais que trabalham com crianças para prevenir o suicídio e a automutila­ção, gravidez na adolescênc­ia, uso de drogas, além de combater a violência contra populações vulnerávei­s.

Questionad­o sobre o evento e a ação do MPF, o ministério de Damares pediu que a reportagem encaminhas­se a demanda ao Ministério da Saúde, que não se manifestou. Anteontem, a pasta havia dito que o governo do Ceará sabia sobre os eventos e alertou sobre proibições do decreto contra a covid-19.

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