O Estado de S. Paulo

Cuba estende toque de recolher e proíbe viagens

Havana e cidades próximas passam por nova onda de casos de covid-19, enquanto o leste do país já retomou aulas e reabriu o comércio

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Com o objetivo de controlar uma segunda onda de casos do novo coronavíru­s na capital, e com a ameaça de que a doença chegue ao interior, o governo de Cuba decidiu estender um pacote de medidas restritiva­s. Elas incluem um toque de recolher noturno e a proibição de viagens de Havana para outras províncias.

As limitações foram aprovadas em 1.º de setembro e deveriam ser suspensas na terça-feira, mas agora devem continuar em vigor até o dia 30.

Segundo o governador de Havana, Reinaldo García Zapata, embora a tendência de contágio esteja em queda, ainda é cedo para relaxar as restrições. “Não fomos capazes de conter a propagação do vírus”, disse Zapata, em um programa de TV, na sexta-feira à noite, quando fez um balanço da doença. “O risco (de um novo surto) é evidente”, afirmou, lembrando que novos casos apareceram em 15 cidades do país.

O toque de recolher vale para todos os dias, entre as 19 horas e as 5 horas. No país, as autoridade­s já tinham aprovado fortes sanções para quem não cumprisse medidas como o uso de máscaras. Segundo a polícia, foram aplicadas 5 mil advertênci­as e estão previstas multas de até US$ 150 (R$ 797) para quem desrespeit­ar as regras impostas na pandemia – uma fortuna para os padrões da ilha, cujos trabalhado­res ganham por volta de US$ 80 (R$ 425).

Ontem, o diretor de Epidemiolo­gia de Cuba, Francisco Durán, informou que nas últimas 24 horas foram registrada­s 60 novas infecções e duas pessoas morreram em decorrênci­a da covid-19. A ilha tem hoje um total de 4.653 notificaçõ­es e 108 mortes pela doença desde março, quando surgiu o primeiro caso.

Em julho, o governo cubano trabalhava com uma perspectiv­a otimista de que havia um controle relativo da doença, ficando dias sem notificar nenhum novo caso.

No entanto, o relaxament­o das restrições desencadeo­u uma escalada de novas infecções, sobretudo em Havana e nas suas províncias vizinhas, no oeste da ilha.

Como muitas regiões ao leste do país não relatam casos de covid-19 desde junho, foi preciso “isolar” Havana, disse o governo local. Na região leste do país, as aulas presenciai­s já foram retomadas, o transporte público circula com alguma normalidad­e e o comércio já está aberto. Nada disso ocorre em Havana, por enquanto.

Cuba mantém suas fronteiras fechadas e há quarentena obrigatóri­a para qualquer viajante, além do isolamento obrigatóri­o para casos suspeitos de quem chega do exterior.

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RAMON ESPINOSA/AP Contágio. Cubanos com máscaras circulam em Havana
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