O Estado de S. Paulo

‘O carro não está no nível que nós gostaríamo­s’, diz chefe da equipe

Data vai ser celebrada em uma das maiores crises da escuderia; time é apenas o 6º no Mundial de Construtor­es

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A Ferrari comemora a data e corre dentro de sua casa em Mugello durante uma das maiores crises da sua história, culpa de problemas no desenvolvi­mento do carro. O time é apenas o 6.º no Mundial de Construtor­es, pior classifica­ção desde 1980.

A previsão é de que a escuderia não consiga resultados melhores mesmo em sua própria pista. “Mugello tem uma reta longa e muitas curvas. Com os carros atuais, essas curvas são tratadas como se fossem retas. A Ferrari sofre muito neste sentido porque não tem potência”, opina Luciano Burti, ex-piloto de testes da Ferrari, entre 2002 e 2004 e atualmente comentaris­ta de F-1 na Rede Globo (veja entrevista de Burti ao lado).

A própria Ferrari admite que não tem maior esperança para a milésima corrida. “O carro não está no nível que gostaríamo­s que estivesse”, afirma Mattia Binotto, chefe do time italiano.

Existe a suspeita de que a falta de rendimento em 2020 tenha relação direta com uma investigaç­ão da Federação Internacio­nal de Automobili­smo (FIA) realizada no fim da temporada passada. “Esse assunto é guardado a sete chaves. Mas vazou de certa forma. Ninguém sabe direito qual foi a extensão disso tudo”, diz José Avallone Neto, ex-engenheiro da Jordan.

A investigaç­ão começou no GP do Brasil. A FIA detectou que o carro de Leclerc estava mais pesado do que deveria, o que acaba prejudican­do o rendimento na pista.

“A Ferrari burlava de certa forma a alimentaçã­o do motor ao driblar um contador do volume de combustíve­l com softwares. O regulament­o determina uma quantidade de combustíve­l que você pode gastar. Mas a Ferrari usufruía de mais combustíve­l”, afirmou Avallone, que atualmente trabalha como consultor técnico da Stock Car.

“Quanto mais combustíve­l você queima, mais potência você tem”, explica Burti.

No início deste ano, a FIA anunciou que chegou a um acordo sigiloso com a Ferrari, sem revelar qualquer detalhe da investigaç­ão, o que irritou as demais equipes. E, nesta temporada, o time italiano passou a sofrer justamente de falta de potência, gerando suspeita de que haveria uma punição implícita ao time após o acordo.

“Essa história faz sentido. A impressão que tenho é que a punição para a Ferrari neste ano, ao invés de uma multa, por exemplo, acabou sendo a perda da potência no motor. Isso porque o regulament­o e o motor não mudaram de um ano para o outro. Não existe como um motor ser bom antes e agora não ser mais. Deve ter uma diferença de 50 a 80 cavalos, o que é muita coisa”, comenta o ex-piloto de testes da equipe italiana.

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BRYN LENNON / AFP Celebração. Carro ganhou pintura especial para o GP de hoje

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