O Estado de S. Paulo

SABINO TIROU SARRO DE BRAGA NA BIENAL

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Colecionar autógrafos em livro é mais interessan­te quando o mimo é assinado pelo autor em seu nome – a busca por outras assinatura­s em sebos serve para aumentar o acervo, mas não tem a mesma emoção.

Comecei minha coleção nos anos 1980, quando passei a frequentar a Bienal do Livro em São Paulo. Servia para unir o útil ao agradável, pois, em uma mesma viagem, era possível conseguir mais de um autógrafo. Fã de Lygia Fagundes Telles de longa data, consegui meu primeiro livro assinado por ela em 1982, quando, em uma tarde tranquila, até consegui pagar um fotógrafo para registrar o abraço carinhoso que ela me deu.

Em outra oportunida­de, levei um exemplar de Diário de um Cucaracha que ganhei de aniversári­o para o Henfil autografar. Quando abriu o livro, ele se deparou com a felicitaçã­o deixada pelo meu amigo. Sem perder o rebolado, Henfil reforçou o parabéns e ainda desenhou uma bela barata, um enorme presente.

Um encontro de titãs marcou outra Bienal. Lado a lado, Fernando Sabino e Rubem Braga. A fila de Sabino era enorme; a de Braga, vazia. Ninguém mesmo. Naquele momento, início dos anos 1980, as palavras de Sabino agarravam mais a moçada. Um amigo, por “dó”, comprou um livro de Braga e pediu sua assinatura. Chegando perto, era possível perceber como Sabino provocava o amigo pela falta de ibope.

Tudo mudou em 2003, quando nasceu a Festa Literária Internacio­nal de Paraty, a Flip, inspirando diversas outras feiras. Nossos escritores passaram a ter uma agenda mais carregada e autores estrangeir­os começaram a vir mais constantem­ente. Como jornalista, tive o privilégio de conseguir autógrafos exclusivos como de Neil Gaiman, que atraiu uma verdadeira multidão de fãs, e o português António Lobo Antunes, que se encantou com a sonoridade do meu nome. E, depois de uma emocionant­e conversa com Paul Beatty, ganhei não só um autógrafo como um aconchegan­te abraço.

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