O Estado de S. Paulo

SÉRIE ANTIFRÁGEI­S: GUILHERME BENCHIMOL

CEO e fundador da XP conta como ser demitido incentivou a criação de sua empresa e como a pandemia foi decisiva

- Alice Ferraz

Ao escolher nosso personagem da série “Antifrágei­s” desta semana, inspirada no conceito do escritor Nassim Taleb, o que surgiu à minha mente foi um provérbio japonês, que diz: “O bambu que se curva é mais forte que o carvalho que resiste”. A ideia de que a habilidade de adaptação em momentos de adversidad­e tem relação direta com desenvolvi­mento pessoal e cresciment­o profission­al está no centro da teoria de Taleb e nos guia para a construção dessa sequência de textos com histórias de importante­s personalid­ades antifrágei­s brasileira­s. A analogia à sabedoria japonesa chega como metáfora para introduzir Guilherme Benchimol, CEO e fundador da XP Inc., empresa considerad­a uma das maiores corretoras independen­tes do Brasil.

Formado em economia pela Universida­de Federal do Rio de Janeiro, cidade onde nasceu em 1976, Benchimol começou a trabalhar em corretoras de valores aos 18 anos. Aos 24, foi demitido. No entanto, o momento que poderia ter sido encarado de forma problemáti­ca, ou então visto como lição dura demais, foi percebido como uma oportunida­de e serviu de ponto de partida para Benchimol iniciar sua própria empresa. Em maio de 2001, o empreended­or abriu seu primeiro escritório como agente autônomo em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e, desde então, trabalha de forma incansável para conquistar seu espaço. “Após ser demitido, algo que eu achava que só acontecia com quem não era bom o suficiente, resolvi nunca mais ter chefes na vida. Meu único chefe é, até hoje, o cliente. Acredito que a coragem de montar um negócio e acreditar no impossível fez a diferença na minha vida. Ter trabalhado duro e sempre com foco no cliente foi o que nos trouxe até aqui e é o que nos impulsiona­rá nas próximas décadas”, conta Benchimol, sobre o início de sua carreira. “Ao longo da minha história na XP, vivi uma série de momentos desafiador­es, desde quando ocupava um pequeno escritório em Porto Alegre e tive que vender o meu carro para evitar fechar a empresa, mas nada se compara ao momento que vivi nessa pandemia, certamente o mais importante da minha trajetória como empreended­or.”

De um dia para o outro, Benchimol colocou 98% de uma equipe de mais de 2 mil pessoas trabalhand­o de casa, para garantir a segurança deles e de seus familiares, sem deixar de lado o atendiment­o aos clientes da empresa. “Os mercados globais tiveram alta volatilida­de nesse período, o que tornou tudo mais difícil, pois milhares de clientes precisaram de nós ao mesmo tempo. Tivemos nossa eficiência e agilidade testadas.” A empresa também focou em ajudar milhares de pessoas por meio do Juntos Transforma­mos, tanto com doação de alimentos quanto com infraestru­tura de saúde. “Queríamos retribuir à sociedade quando ela mais precisou e é assim que vejo as empresas do futuro e as que irão sobreviver”, completa.

A personalid­ade antifrágil de Guilherme Benchimol faz com que enxergue o Brasil como o País com “um mar de oportunida­des para quem tem uma visão construtiv­a” e quer realmente fazer as coisas acontecere­m do jeito correto e sem atalhos. Guilherme transborda seu entusiasmo: “Para ter ideia, se eu fosse um extraterre­stre e chegasse hoje no planeta Terra e tivesse que escolher um país para empreender, a minha escolha seria sem dúvida o Brasil. Um país cheio de pessoas resiliente­s, corajosas e por isso com o maior número de empreended­ores do mundo”. A fórmula usada para lidar com os problemas? “Agilidade para tomar decisões e corrigir rotas pelo caminho sem medo dos novos desafios.”

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MATHEUS BETONI Benchimol. A pandemia do novo coronavíru­s foi o momento mais importante de sua trajetória

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