Cuidado com o ‘like’
Vamos ser sinceros? Está cada vez mais difícil manter a lucidez nos dias atuais e em plena pandemia. Enquanto tentamos desviar dos noticiários cada vez mais tensos – porém repletos de informações valiosas, minuciosamente checadas por profissionais –, é possível notar um grande movimento de teorias conspiratórias por parte de pessoas que contestam a ciência e a medicina e obtêm informações (em sua grande maioria, falsas) por meio de grupos de WhatsApp ou semelhantes.
Isso ainda o deixa chocado também ou você já se acostumou?
Grande parte desse “choque” é resultado do impacto das mídias sociais na sociedade, e isso é retratado com detalhes – e uma certa dose de encenação – no recém-lançado documentário, original da Netflix, O Dilema das Redes.
A produção conta com depoimentos de profissionais diretamente ligados às plataformas mais utilizadas, como Google, Facebook, Twitter e Instagram, além de especialistas em tecnologia. O recado é geral: as redes sociais podem e já estão causando um ataque devastador à democracia e, principalmente, à humanidade.
Eleições, covid-19 e o bizarro terraplanismo são alguns dos exemplos reais e atuais mostrados no documentário, que tem como objetivo emitir um grande alerta sobre a nossa falta de privacidade online.
Fica claro e comprovado cientificamente, ao longo da produção, que tudo o que você lê, comenta e compartilha é vigiado e amplificado em larga escala para que se torne uma “verdade rentável”. A informação real acaba sendo considerada “chata” e não rende tanto dinheiro e engajamento quanto a publicidade de uma fake news.
Não há controle sobre as ferramentas legais disponíveis nas mídias, mas a preocupação é com a forma de que essa tecnologia é utilizada para se tornar uma ameaça. Durante 1 hora e 34 minutos você vai se sentir parte de um assustador episódio de Black Mirror (série de ficção da Netflix).
Destaco aqui a importante fala de um dos especialistas: “Não é que a tecnologia em si seja uma ameaça existencial, é a capacidade da tecnologia de trazer à tona o pior da sociedade, e o pior da sociedade é uma ameaça existencial”.
Entre um “like” e outro, já estamos lidando com as consequências da faceta mais exposta da sociedade.
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É JORNALISTA E CONSOME CULTURA POP DESDE QUE SE ENTENDE POR GENTE