NÁUTICO VESTE PRETO CONTRA O RACISMO
Último clube pernambucano a aceitar atletas negros admite erros e lança camisa preta
ONáutico lançou ontem uma camisa na cor preta para homenagear o movimento antirracista Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) e também se penitenciar por erros do passado. Tradicional por suas cores vermelha e branca, o clube pernambucano buscar compensar algumas falhas em episódios de racismo, como ter sido o último time do Recife a permitir a presença de atletas negros. A camisa seria usada pela primeira vez no jogo de ontem à noite contra a Chapecoense, pela Série B.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o Náutico fez questão de chamar para a apresentação da camisa o ex-goleiro Nilson,
que quando jogou pelo Santa Cruz foi vítima racismo de torcedores do Náutico durante clássico disputado nos Aflitos em 2002. “Era um coro racista imitando som de macaco e foi um som muito forte. Você lembra daquele som e sabe que aquilo foi feito por causa da cor de sua pele”, disse. Anos depois, Nilson defendeu o Náutico e se tornou ídolo dos torcedores.
Segundo dirigentes do clube, a nova camisa marca o compromisso de buscar corrigir falhas anteriores. “O Náutico tem uma das mais belas histórias do futebol brasileiro. É claro que existem erros e, como não se muda o passado, quem faz o presente pode reconhecê-los. Porque a história continua sendo escrita. Reparar não é possível? Podemos corrigir. O Náutico é alvirrubro, mas também de todas as cores, raças, gêneros e crenças”, afirmou o presidente do Náutico, Edno Melo.
A equipe promete intensificar campanhas de conscientização e incentivar denúncias contra casos de racismo. “Essa camisa representa o reconhecimento do clube de um passado racista e o entendimento que a tolerância é zero em relação a isso. O Náutico tem um canal direito com torcedor, através do site e aplicativo oficial, para denúncias de racismo”, explicou o vice-presidente de marketing, Luiz Filipe Figueirêdo.
O ex-goleiro Nilson elogiou a camisa e a proposta do clube de tentar abordar erros antigos. “O mais importante de tudo isso é a ação que o Náutico montou. É ver o Náutico abandonando o passado do qual ele não se orgulha, que é do racismo. Saber que o clube está levantando essa bandeira e dizendo ‘não’ ao racismo me faz ficar muito orgulhoso”, comentou