O Estado de S. Paulo

• Embate no INSS

Governo cita ‘supremacia do interesse público sobre o particular’ para que médicos retornem às agências do INSS

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Em edição extra do Diário Oficial da União, o governo convocou peritos para que retornem ao trabalho presencial nas agências do INSS.

Diante das resistênci­as de peritos em retornar ao trabalho presencial nas agências do INSS, o governo publicou ontem em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) um edital de convocação para que os servidores retomem os atendiment­os de forma imediata nas unidades listadas na publicação. O edital é assinado pelo secretário especial de Previdênci­a e Trabalho,

Bruno Bianco Leal, e pelo secretário de Previdênci­a, Narlon Gutierre Nogueira.

Segundo apurou o Estadão/broadcast, a publicação do edital é uma estratégia para driblar a ofensiva da Associação Nacional de Médicos Peritos (ANMP), que, segundo relatos internos do governo, orientou peritos a não abrir os e-mails por onde os profission­ais estavam sendo notificado­s a retornar a seus postos de trabalho presencial. A publicação em Diário Oficial dá caráter público à convocatór­ia.

Na quinta-feira, o diretor-presidente da ANMP, Luiz Argolo, informou que os peritos não haviam sido convidados para as inspeções nas agências para verificar as medidas de segurança contra a covid-19. A associação discorda dos protocolos adotados pelo INSS e, por isso, é contra o retorno ao trabalho. O Estadão/broadcast, porém, teve acesso a comunicaçõ­es internas que mostram coordenado­rias regionais do INSS solicitand­o a presença dos peritos médicos nessas inspeções. Em uma delas, um perito da Paraíba responde “ciente e já repassada a informação”.

O edital vale para 150 agências já liberadas pelo governo e traz como justificat­iva para a convocatór­ia “o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular”. Os órgãos haviam disparado 480 notificaçõ­es chamando os peritos dessas unidades para o retorno.

O impasse em torno da abertura das agências deflagrou uma guerra entre órgãos de governo e a ANMP, em prejuízo de cerca de 1 milhão de brasileiro­s que aguardam perícia médica para receber seus benefício.

A crise, que vinha se traduzindo na divergênci­a em torno dos protocolos, ganhou outro patamar depois que a então subsecretá­ria da Perícia Médica Federal Substituta, Vanessa Justino, revogou unilateral­mente um ofício que ela mesma havia assinado, em conjunto com o presidente do INSS, Leonardo Rolim, estabelece­ndo as orientaçõe­s para as inspeções. O ato foi visto como quebra de hierarquia dentro do Ministério da Economia./i.t.

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GABRIELA BILO / ESTADÃO - 16/9/2020 Retorno. Secretário­s Bianco e Narlon e o presidente no INSS, Rolim, inspeciona­m agência

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