O Estado de S. Paulo

Doria diz que vacina chinesa é segura e espera uso este ano

Doria anunciou resultados de estudo na China. Eficiência ainda será analisada

- Felipe Resk COLABOROU LARISSA GASPAR /

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou ontem que a vacina Coronavac, produzida pelo laboratóri­o Sinovac e o Instituto Butantã, é segura. Estudo com 50 mil pessoas na China mostrou que 94,7% não apresentar­am efeito adverso. Mesmo sem resultado conclusivo sobre a eficácia, o Estado espera iniciar a imunização na segunda quinzena de dezembro e receber 60 milhões de doses até fevereiro.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ontem que estudo feito em 50 mil pessoas na China indica segurança da Coronavac, o imunizante contra a covid-19 desenvolvi­do em parceria pelo laboratóri­o Sinovac com o Instituto Butantã. Segundo o governo de São Paulo, 94,7% dos voluntário­s não apresentar­am nenhum efeito adverso, índice que se equiparari­a a outras vacinas já amplamente usadas no Brasil, como a da gripe.

O resultado divulgado é referente à aplicação emergencia­l de 67.260 doses da Coronavac em um total de 50.027 pessoas, que foi autorizada pelo governo chinês para alguns grupos, como pacientes de risco e funcionári­os da Sinovac. Por sua vez, o estudo clínico – que é realizado em diferentes países ainda com alta transmissã­o, incluindo o Brasil – está em fase 3, ainda em andamento. Só esta última pesquisa é que vai atestar ou não a eficácia da vacina.

Mesmo sem resultados clínicos conclusivo­s, a gestão Doria tem expectativ­a de conseguir iniciar a vacinação ainda na segunda quinzena de dezembro. Segundo o governo, São Paulo deve receber 60 milhões de doses até fevereiro.

De acordo com dados apresentad­os pela gestão, apenas 5,3% das pessoas que receberam emergencia­lmente a vacina na China apresentar­am sintomas adversos – a maioria, no entanto, sem gravidade. Entre os efeitos colaterais, os mais comuns foram dor no local de aplicação (3,08%), fadiga (1,53%) e febre (0,21%).

Destes, só quatro voluntário­s teriam apresentad­o quadros considerad­os mais graves. No grupo, teriam sido relatados sete efeitos colaterais, ao todo, que incluem falta de apetite, dor de cabeça e febre acima de 38,5ºc.

“Esses resultados comprovam que a Coronavac tem excelente perfil de segurança e confirma a manifestaç­ão feita pela Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS), que a indicou como uma das oito vacinas mais promissora­s do mundo”, afirmou Doria. “A vacina da gripe, por exemplo, apresenta efeitos adversos pouco nocivos em não mais do que 10% da totalidade das pessoas.”

Na apresentaç­ão, Doria chegou a afirmar que a Coronavac também teria demonstrad­o eficácia em 98% dos casos. O índice, na verdade, diz respeito à soroconver­são calculada – ou seja, quantas pessoas teriam apresentad­o resposta imunológic­a ao coronavíru­s, mas ainda sem a garantia de que, de fato, a presença de anticorpos protege contra a infecção.

Presidente do Instituto Butantã, Dimas Covas disse que ainda é cedo para falar da eficiência. “O estudo de fase 3 está em andamento e os resultados são de conhecimen­to de quem controla o estudo, um organismo internacio­nal”, afirmou. “Ainda não temos dados disponívei­s sobre a eficácia. A partir do dia 15 de outubro, podemos ter os resultados de eficácia que permitirão o registro da vacina na Anvisa.”

“O único dado que conseguimo­s extrair do estudo clínico é que aparenteme­nte a vacina é segura. O que não significa que ela protege. Isso veremos com o tempo, observando se as pessoas que foram vacinadas têm covid-19 ou não e indiretame­nte se elas produzirão anticorpos”, analisa Alexandre Naime,

chefe da Infectolog­ia da Unesp e consultor da Sociedade Brasileira de Infectolog­ia.

Testes.

No Brasil, os testes em voluntário­s de saúde começaram no dia 21 de julho. Segundo o governo, mais de 5,6 mil dos 9 mil médicos e paramédico­s já teriam recebido a Coronavac, sem nenhum registro de reação adversa até o momento. A previsão é de que todas as doses para a pesquisa sejam aplicadas até o próximo mês.

Após a administra­ção das vacinas, os pacientes ainda são monitorado­s por um ano. Essa fase é importante para saber se há diferença de resultado entre o grupo em que o imunizante foi aplicado e o que recebeu placebo – para só então concluir sobre a eficácia.

Diretor da Sinovac na América do Sul, Xing Han demonstrou otimismo em obter bons resultados. “Estamos confiantes com a Coronavac tanto para segurança quanto para eficiência. Os testes estão sendo bem feitos e daqui a um ou dois meses já saem os resultados da fase 3, com curto prazo para registro na Anvisa”, disse.

Segundo o governador Doria, o primeiro lote com 5 milhões de doses da Coronavac, produzidas na China, chegará a São Paulo ainda em outubro.

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GOVERNO SP Resultados. O governador Doria disse que São Paulo deve receber 60 milhões de doses até o mês de fevereiro de 2021

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