O Estado de S. Paulo

Seguro-desemprego pode ter mais 2 cotas

Medida que pode beneficiar até 6 milhões de pessoas deve ser votada hoje no Codefat

- Idiana Tomazelli /

Representa­ntes do governo, dos trabalhado­res e das empresas decidem hoje se prorrogam o seguro a demitidos na pandemia. Medida pode beneficiar 6 milhões de pessoas.

Representa­ntes do governo, dos trabalhado­res e das empresas decidem hoje se prorrogam os pagamentos de seguro-desemprego a quem for demitido durante a calamidade provocada pela pandemia da covid-19. Se aprovada, a medida pode beneficiar 6 milhões de trabalhado­res.

O custo de cada parcela adicional é estimado em R$ 8,35 bilhões, segundo cálculos da equipe econômica obtidos pelo Estadão/broadcast. A proposta das centrais sindicais é pagar duas parcelas adicionais, o que levaria a uma despesa extra de R$ 16,7 bilhões.

A medida será votada no Conselho Deliberati­vo do Fundo de Amparo ao Trabalhado­r (Codefat), responsáve­l por operar políticas como abono salarial e seguro-desemprego. O colegiado tem 18 integrante­s indicados por trabalhado­res, empresas e governo. Cada categoria tem seis assentos no conselho.

A bancada dos empregador­es deve ser o fiel da balança na votação, já que tanto governo quanto trabalhado­res devem votar em bloco e em direções opostas. Na última reunião do Codefat, representa­ntes dos setores de agricultur­a e turismo sinalizara­m apoio à prorrogaçã­o do seguro-desemprego, enquanto a indústria foi contra, segundo apurou o Estadão/broadcast. Com o placar indefinido, tanto o governo quanto as centrais deflagrara­m uma ofensiva para tentar angariar votos das confederaç­ões empresaria­is.

As centrais precisam conseguir ao menos três aliados dentro do conselho, já que, em caso de empate, o voto de minerva é do presidente do Codefat. A presidênci­a é exercida por Francisco Pegado, indicado da União Geral dos Trabalhado­res (UGT).

Em defesa da medida, as centrais justificam que a crise no mercado de trabalho já dura seis meses desde a decretação de calamidade, enquanto o número médio de parcelas do seguro desemprego está em quatro (o máximo é cinco, a depender da duração do contrato rescindido). Quem foi dispensado no início da crise pode já estar sem o benefício e, ao mesmo tempo, sem poder solicitar o auxílio emergencia­l criado para socorrer os mais vulnerávei­s, uma vez que o cadastro foi finalizado no início de julho.

“Há um desespero, uma preocupaçã­o e uma comoção grande por parte dos desemprega­dos”, diz Sérgio Leite, representa­nte da Força Sindical no Codefat. Entre março e agosto de 2020, 3,9 milhões de trabalhado­res que tinham carteira assinada solicitara­m o seguro-desemprego, 12,4% a mais do que em igual período do ano passado.

O representa­nte da Confederaç­ão Nacional do Turismo (CNTUR), Virgílio Carvalho, disse que o tema será analisado “com muito cuidado” para não compromete­r a sustentabi­lidade do fundo nem deixar os trabalhado­res desamparad­os.

Autorizaçã­o. A lei do segurodese­mprego autoriza o Codefat a pagar duas parcelas adicionais do benefício para grupos específico­s de segurados, desde que o gasto adicional da medida não ultrapasse, em cada semestre, 10% da reserva mínima de liquidez que o fundo mantém para honrar suas obrigações. Essa reserva é calculada ao redor de R$ 13 bilhões – ou seja, a despesa extra não poderia passar de R$ 1,3 bilhão.

Um parecer da própria Procurador­ia-geral da Fazenda Nacional (PGFN), no entanto, avalia que o orçamento de guerra, aprovado pelo Congresso Nacional para abrir caminho às despesas de combate à pandemia, afasta a restrição dos 10%. Além disso, o órgão jurídico do Ministério da Economia também vê elementos suficiente­s para justificar a abertura de um crédito extraordin­ário e permitir que a despesa fique fora do teto de gastos, mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação, já que as parcelas extras ficariam restritas a 2020.

Na prática, a prorrogaçã­o do seguro-desemprego depende apenas da aprovação do Codefat e da edição de uma Medida Provisória (MP) para abrir o crédito.

Preocupaçã­o • “Há um desespero, uma preocupaçã­o e uma comoção grande por parte dos desemprega­dos.” Sérgio Leite DA FORÇA SINDICAL NO CODEFAT

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO-06/08/2018 Seguro. Proposta para ampliar benefício a desemprega­dos será definida hoje pelo Codefat

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