O Estado de S. Paulo

Novo suspende candidatur­a de Filipe Sabará

Decisão em caráter liminar interrompe as ações de campanha à Prefeitura de SP; motivo é mantido em sigilo

- Pedro Venceslau

O Conselho de Ética do diretório nacional do Novo informou ontem aos seus filiados a suspensão em caráter liminar dos direitos de Filipe Sabará, candidato da sigla à Prefeitura de São Paulo. Segundo o comunicado, Sabará terá prazo estabeleci­do pelo estatuto para a manifestaç­ão de sua defesa, mas sua candidatur­a está temporaria­mente paralisada. “O diretório nacional reforça a determinaç­ão do CEP (Conselho de Ética do Partido) de suspensão temporária de todas as ações de pré-campanha em nome do candidato até o assunto seja efetivamen­te julgado”, diz o texto.

O conselho analisou a impugnação assinada por Kauan Gonçalves Viscardi, de Santa Catarina. O motivo da contestaçã­o é “sigiloso”, segundo o partido.

Antes do resultado, Sabará afirmou, em nota, que considera o pedido “totalmente infundado e fruto de insatisfaç­ão de um pequeno grupo de pessoas que não aceita opiniões divergente­s”.

A iniciativa expõe uma divisão interna na legenda entre um grupo mais alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, do qual fazem parte o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e parte da bancada de deputados federais, e outro que faz oposição ao Palácio do Planalto.

Sabará também é alvo de contestaçã­o por parte de pré-candidatos a vereador da capital. “Esse discurso (do Sabará) próximo ao governo federal me deixa insatisfei­ta. O Novo não é linha auxiliar do presidente da República”, disse a candidata a vereador do Novo Naira Sathiwo.

Um grupo criado no Whatsapp intitulado “Tentando Salvar

o Novo” tem criticado duramente as declaraçõe­s de Sabará em defesa de Bolsonaro. Na semana passada, o debate interno foi acirrado após o candidato ter dito, em um programa de rádio, que Paulo Maluf foi o melhor prefeito que a capital paulista já teve. A declaração provocou reações até do fundador do Novo, João Amoêdo, e do deputado estadual Heni Ozi Cukier.

“O partido está fornecendo (aos candidatos a vereador) materiais de campanha com o Filipe, mas eu recusei. Não quero misturar meu nome com o do Sabará”, disse Luiz Bucciarell­i, que passou no processo seletivo do Novo e tentará uma vaga na Câmara Municipal. Um dossiê apócrifo com acusações contra Sabará circula nos grupos de Whatsapp do partido.

Ao Estadão, o presidente municipal do Novo, Julio Rodrigues, minimizou a crise interna. “Não vejo problemas graves em divergênci­as internas.” Outra candidata a vereador pelo Novo, Joanna Douat disse que o grupo de Whatsapp não foi criado para impedir a candidatur­a de Sabará, mas com a intenção de “preservar o partido”.

Bens.

Agora com a candidatur­a temporaria­mente suspensa, Sabará aguarda a atualizaçã­o de sua declaração de bens na página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até ontem, figurava o valor de R$ 15,6 mil, mas, de acordo com a assessoria do candidato do Novo, por “erro de preenchime­nto”, o correto é R$ 5,1 milhões, como mostrou o site BR Político ontem.

Com essa retificaçã­o, Sabará passa a liderar a lista como o político mais rico do pleito entre os que já fizeram a declaração de seus bens.

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