O Estado de S. Paulo

Novo plano ajuda nações, mas pode acentuar diferenças

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Depois de anos de rivalidade e fracasso, a União Europeia propôs uma revisão do sistema de imigração, em um plano que prevê redobrar os esforços para acelerar as deportaçõe­s e permitir a quem pede asilo ser realocado de forma mais uniforme em todo o bloco. Cinco anos após uma onda histórica de refugiados atingir o continente, o bloco tenta, com seu mais recente plano, ajudar os países mediterrân­eos da linha de frente, como a Grécia e a Itália, que carregaram uma carga desproporc­ional do fluxo.

No entanto, a proposta pode acentuar as divisões políticas dentro do bloco por estar cheia de concessões a nações que resistiram em aceitar imigrantes.

A história da Europa é repleta de planos de migração mortos logo na saída, mas alguns analistas disseram ontem que a proposta atual vem em um momento de cooperação um pouco maior. Os partidos de extrema direita, embora ainda sejam relevantes, perderam algum ímpeto nos últimos anos. Os dados da Alemanha, que abriu suas portas de forma ampla e controvers­a em 2015, mostram um quadro encorajado­r de como os refugiados podem se integrar.

Os líderes da Comissão Europeia dizem que as deportaçõe­s são outra forma de garantir que o sistema de imigração mais amplo esteja funcionand­o sem gargalos. O maior foco nas deportaçõe­s é uma resposta às mudanças em quem está chegando. Enquanto nos primeiros anos muitos estavam fugindo da Síria devastada pela guerra – e quase que universalm­ente ganhando proteção na Europa – um número crescente agora é considerad­o imigrante econômico, fora do status legal. “Se você olhar para os números agora, eles são administrá­veis. Isso é algo que a UE deveria ser capaz de administra­r. Mas por causa da profunda desconfian­ça dos Estados-membros em fazer o menor movimento que pudesse ser visto como fraqueza, temos um processo paralisado”, disse Hanne Beirens, diretora do Migration Policy Institute Europe, que classifica a dificuldad­e de os países lidarem com a imigração como uma “mancha” na reputação do bloco. ✽ CHICO HARLAN É O CHEFE DO ESCRITÓRIO EM ROMA DO JORNAL THE WASHINGTON POST

MICHAEL BIRNBAUM É O CHEFE DO ESCRITÓRIO DO PERIÓDICO EM BRUXELAS

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