O Estado de S. Paulo

Reitores dizem que perda de verba afetará serviços e pagamentos

Live debate transferên­cia de recursos para o Tesouro estadual; Alesp deve votar a proposta na próxima semana

- / ANDREZA GALDEANO

Os reitores das universida­des paulistas afirmam que terão de reduzir atendiment­o em hospitais e faltará dinheiro para pagar funcionári­os, caso haja perda de recursos para o próximo ano. Para discutir o projeto de lei que propõe a transferên­cia de verbas de universida­des públicas e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para as contas do Tesouro estadual, o Estadão promoveu ontem uma live com os reitores da Universida­de de São Paulo (USP), da Universida­de Estadual Paulista (Unesp) e da Universida­de Estadual

de Campinas (Unicamp). Participou também o deputado Carlão Pignatari (PSDB), nomeado relator do PL 529.

Ao debater o assunto, os reitores afirmaram que o superávit das universida­des é fundamenta­l para criar reservas financeira­s e concluíram que a transferên­cia das verbas pode interferir diretament­e em serviços e pagamentos de salários. “A retirada de um recurso nunca ocorreu na história da universida­de, então teremos de tomar medidas drásticas. No nosso caso, a estimativa é de redução no atendiment­o no Hospital das Clínicas em torno de 15%”, afirmou Marcelo Knobel, da Unicamp. “Vamos fechar serviços e atendiment­os, além de reduzir o número de bolsas, para manter a nossa saúde financeira e não ir na porta do governo pedir dinheiro. Se diminuir o recurso, não vamos ter como pagar salários e teremos de desconstru­ir serviços e pesquisas”, completou o reitor.

Vahan Agopyan, da USP, também destacou a situação atual da universida­de. “Não é que o dinheiro sobrou. No caso da USP, nós tivemos o cuidado de pegar o superávit do dia 31 de dezembro de 2019 e mostrar que boa parte dos recursos já estava comprometi­da. Agora, em 2020, nós ainda lidamos com uma queda substancia­l.”

“O superávit da USP era de R$ 600 milhões e agora o valor que passamos para a secretaria chega a R$ 50 milhões. Além disso, já estamos contando com uma redução de R$ 300 milhões para o ano que vem", disse o professor, reiterando que vai faltar dinheiro para ações na USP em 2021.

Sandro Valentini, da Unesp, também afirma que pode faltar dinheiro até para a universida­de pagar seus professore­s. “A folha de pagamento das universida­des está no orçamento, tanto do pessoal ativo quanto do inativo, incluindo ainda o déficit previdenci­ário. No ano passado, esse pagamento foi de quase R$ 800 milhões e nós tiramos da nossa cota para financiar a folha dos inativos. Já que pagamos, vai faltar dinheiro para fechar o ano, ao considerar­mos a folha de pagamento.”

Votação.

De acordo com o Deputado Carlão, a partir da próxima semana o projeto já deve ir direto ao plenário. A expectativ­a é de iniciar uma discussão e que a votação seja realizada até quinta-feira. Ele também garantiu que “não faltará recursos para as universida­des.”

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