Reitores dizem que perda de verba afetará serviços e pagamentos
Live debate transferência de recursos para o Tesouro estadual; Alesp deve votar a proposta na próxima semana
Os reitores das universidades paulistas afirmam que terão de reduzir atendimento em hospitais e faltará dinheiro para pagar funcionários, caso haja perda de recursos para o próximo ano. Para discutir o projeto de lei que propõe a transferência de verbas de universidades públicas e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para as contas do Tesouro estadual, o Estadão promoveu ontem uma live com os reitores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp). Participou também o deputado Carlão Pignatari (PSDB), nomeado relator do PL 529.
Ao debater o assunto, os reitores afirmaram que o superávit das universidades é fundamental para criar reservas financeiras e concluíram que a transferência das verbas pode interferir diretamente em serviços e pagamentos de salários. “A retirada de um recurso nunca ocorreu na história da universidade, então teremos de tomar medidas drásticas. No nosso caso, a estimativa é de redução no atendimento no Hospital das Clínicas em torno de 15%”, afirmou Marcelo Knobel, da Unicamp. “Vamos fechar serviços e atendimentos, além de reduzir o número de bolsas, para manter a nossa saúde financeira e não ir na porta do governo pedir dinheiro. Se diminuir o recurso, não vamos ter como pagar salários e teremos de desconstruir serviços e pesquisas”, completou o reitor.
Vahan Agopyan, da USP, também destacou a situação atual da universidade. “Não é que o dinheiro sobrou. No caso da USP, nós tivemos o cuidado de pegar o superávit do dia 31 de dezembro de 2019 e mostrar que boa parte dos recursos já estava comprometida. Agora, em 2020, nós ainda lidamos com uma queda substancial.”
“O superávit da USP era de R$ 600 milhões e agora o valor que passamos para a secretaria chega a R$ 50 milhões. Além disso, já estamos contando com uma redução de R$ 300 milhões para o ano que vem", disse o professor, reiterando que vai faltar dinheiro para ações na USP em 2021.
Sandro Valentini, da Unesp, também afirma que pode faltar dinheiro até para a universidade pagar seus professores. “A folha de pagamento das universidades está no orçamento, tanto do pessoal ativo quanto do inativo, incluindo ainda o déficit previdenciário. No ano passado, esse pagamento foi de quase R$ 800 milhões e nós tiramos da nossa cota para financiar a folha dos inativos. Já que pagamos, vai faltar dinheiro para fechar o ano, ao considerarmos a folha de pagamento.”
Votação.
De acordo com o Deputado Carlão, a partir da próxima semana o projeto já deve ir direto ao plenário. A expectativa é de iniciar uma discussão e que a votação seja realizada até quinta-feira. Ele também garantiu que “não faltará recursos para as universidades.”