O Estado de S. Paulo

Fórmula de injeção única será testada em 60 mil pessoas

Produto está em fase final de testagem nos Estados Unidos e meta agora é determinar se é eficaz e seguro

- Carolyn Y. Johnson TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZ­OU

A primeira vacina contra o coronavíru­s que tentará proteger as pessoas com uma única injeção entrou nos estágios finais de testagem nos Estados Unidos, com um ensaio clínico internacio­nal que recrutará até 60 mil participan­tes. A vacina experiment­al que está sendo desenvolvi­da pela gigante farmacêuti­ca Johnson & Johnson é a quarta nos EUA a entrar nos grandes ensaios da Fase 3, que determinar­ão se é eficaz e segura. Paul Stoffels, diretor científico da J&J, previu que pode haver dados suficiente­s para se obter um resultado conclusivo até o final do ano e disse que a empresa planeja fabricar 1 bilhão de doses no ano que vem.

Outras três candidatas estão à frente, com testes que começaram no início do verão nos EUA, mas a vacina que está sendo desenvolvi­da pela Janssen Pharmaceut­ical Companies, divisão da J&J, tem vantagens que podem facilitar a logística de sua administra­ção e distribuiç­ão, caso sua segurança e eficácia sejam comprovada­s.

A empresa inicialmen­te está testando uma dose única, enquanto as outras vacinas testadas nos EUA exigem um retorno e uma segunda injeção, de três a quatro semanas após a primeira, para desencadea­r uma resposta imune protetora. A vacina da J&J também pode ser armazenada em forma líquida, sob temperatur­as de geladeira, por três meses, ao passo que duas das candidatas favoritas precisam ser congeladas ou mantidas sob temperatur­as ultraconge­ladas para o armazename­nto de longo prazo.

“A vacina de dose única, se for segura e eficaz, terá vantagens logísticas substancia­is para o controle da pandemia global”, disse Dan Barouch, diretor do Centro de Virologia e Pesquisa de Vacinas do Beth Israel Deaconess Medical Center em Boston, que fez parceria com a J&J para desenvolve­r a vacina.

Os Estados Unidos investiram bilhões de dólares em uma série de tecnologia­s de vacinas, entre os quais cerca de US $ 1,5 bilhão para apoiar o desenvolvi­mento da vacina da J&J e garantir uma compra antecipada de 100 milhões de doses. A vacina da J&J é a segunda a usar abordagem de vetor viral, pegando um vírus inofensivo e inserindo nele um gene que contém o diagrama de uma parte caracterís­tica do novo coronavíru­s.

“É muito bom termos essa diversidad­e de plataforma­s, porque esta é uma crise crucial em termos de nossa situação global”, disse Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de

Saúde. “Queremos fazer tudo o que pudermos, sem sacrificar a segurança nem a eficácia.”

Em um estudo com macacos publicado na Nature em julho, Barouch demonstrou que sua abordagem teve sucesso ao ensinar o sistema imunológic­o a se proteger contra uma infecção. Dados de testes em estágio inicial com 400 participan­tes humanos nos EUA e na Bélgica devem ser submetidos a um servidor de pré-publicação, mas Stoffels disse que, de maneira geral, a vacina deu provas de que desencadeo­u resposta imune promissora e seus efeitos colaterais foram toleráveis – como febres que desaparece­ram em um ou dois dias./

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