O Estado de S. Paulo

Para PF, morte de Elias Maluco foi ‘um suicídio clássico’

Encontrado morto na cela anteontem, no Paraná, matador de Tim Lopes será levado hoje de avião para o Rio

- CASCAVEL ESPECIAL PARA O ESTADO Fábio Donegá /

Responsáve­l por apurar as circunstân­cias da morte de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, o delegado da PF Daniel Martarelli da Costa disse que o caso, inicialmen­te, é tratado como “um suicídio clássico”. O matador do jornalista Tim Lopes, em 2002, foi encontrado morto anteontem na Penitenciá­ria Federal de Catanduvas, no Paraná.

“Apreendemo­s algumas cartas na cela do preso. Também fizemos oitivas com os agentes que o encontrara­m e obtivemos imagens das câmeras de segurança. Nas cartas, Elias, que tinha 54 anos, não relatou o motivo do gesto, mas disse, basicament­e, que ‘não tinha mais vontade de viver’ e pediu perdão à família, dizendo que não era um ato de covardia, mas, sim, de coragem, que ele se sentia pronto para aquilo. Ele não relatou nada sobre ameaça ou motivação. Vai ter um laudo pericial para isso, mas, pelos indícios, tudo indica para um suicídio clássico”, disse o delegado.

A cela, acrescento­u, “estava muito bem organizada, a cama arrumada”. “Estava tudo organizado, os livros, as cartas, e havia uma toalha pendurada no local do banho.”

Repercussã­o. As câmeras de monitorame­nto não captam imagens do interior das celas e ainda serão periciadas. Questionad­os sobre uma possível divergênci­a quanto à hora exata da morte, e à recusa de Elias de receber seus defensores na terçafeira, os policiais nada quiseram declarar.

Em Catanduvas as celas são individuai­s e, segundo o delegado Martarelli. Outros presos não tinham acesso à cela de Elias, que no dia anterior ao da morte havia saído para o banho de sol normalment­e.

Apesar dos indícios de suicídio, a PF monitora a repercussã­o da morte nos outros presídios do País e fora deles, até a conclusão final do caso – o laudo pericial, a ser feito pela Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR) tem 30 dias para ficar pronto. O laudo preliminar aponta o enforcamen­to como a causa da morte.

A advogada Luceia Alcântara confirmou que tinha atendiment­o com Elias agendado para terça, mas não recebeu informação sobre por que ele não quis recebê-la. O corpo de Elias Maluco foi liberado ontem à tarde e enviado por uma a funerária até Santa Tereza do Oeste. Ele deve partir hoje ao meio-dia para o Rio de Janeiro, em um voo que decolará de Foz.

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