Doria veta volta de torcida aos estádios
Futebol. Governo paulista não vai permitir presença de torcedores em jogos do Brasileirão ou da seleção, apesar da demanda da CBF
O governo de São Paulo anunciou ontem que não vai permitir a presença de torcida em jogos de futebol, seja pelo Campeonato Brasileiro da Série A ou no jogo do dia 9 de outubro entre Brasil e Bolívia, na Neo Química Arena, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Em entrevista coletiva com a presença do governador João Doria e demais autoridades paulistas da área de saúde pública, ficou confirmado que, apesar da demanda da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para voltar a vender ingressos e ter público, nada deve mudar por causa do alto risco de contaminação.
Segundo o coordenador do Centro de Contingência de Combate ao Coronavírus, José Osmar Medina, foi realizada uma reunião na última terça-feira para debater a proposta da CBF de reabrir o estádio com público. Entre os presentes ao encontro, foi unânime a decisão de manter a restrição como forma de prevenção ao novo coronavírus. “Não se recomenda a retomada de público em eventos associados a grandes aglomerações, como nas partidas de futebol. É uma decisão técnica”, explicou Medina.
No entender do governo estadual, ainda não há segurança suficiente para permitir a presença de público. “Nesse tipo de evento tem fluxo de pessoas de diferentes regiões demográficas e muitas atividades paralelas ao redor do estádio. Vamos manter as diretrizes que discutimos com a Federação Paulista de Futebol (FPF), CBF, e seguir com as partidas sem público”, comentou Medina, que usou a realização de partidas sem público na Europa como um modelo de cuidado a ser seguido.
Doria afirmou que o Estado não pode ter pressa para liberar a realização de eventos. “Aqui em São Paulo não há pressão política, econômica, partidária, assim como não há do esporte”, disse. “A missão do governo de São Paulo é preservar a vida de todos: jogadores, técnicos e jogadores”, comentou o governador paulista.
Pela proposta da CBF, os principais times da capital paulista mobilizariam entre 15 mil a 20 mil torcedores por partida, o que dificultaria o controle de aglomerações e o distanciamento social em ruas, estabelecimentos comerciais e espaços de alimentação em barracas de vendedores ambulantes no entorno dos estádios.
Sem adesão. Outra grande cidade
• Reunião com clubes Está agendado para hoje à tarde um encontro com as 20 equipes da Série A com a CBF para tratar da possibilidade da volta do público aos estádios. A reunião será por videoconferência.
que decidiu vetar a volta do público em eventos esportivos foi Porto Alegre. A prefeitura da capital gaúcha informou o tem, por meio de nota, que não vai liberar por enquanto a volta dos torcedores.
“A prioridade da Prefeitura de Porto Alegre, neste momento, é a educação e, na sequência, os setores que não tiveram ainda oportunidade de funcionar. Somente após cumprida esta etapa é que deverão ser discutidas novas flexibilizações. Apesar da estabilidade da curva de transmissão e da ocupação de leitos de UTI, o Comitê Municipal
de Enfrentamento ao Coronavírus entende que ainda é prematuro liberar 30% da capacidade nos estádios”, afirmou na nota o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB)
Assim, tanto o Internacional, no Beira-rio, quanto o Grêmio, em sua arena, continuarão disputando seus jogos com os portões fechados.
Na semana passada, a CBF começou a trabalhar para conseguir uma liberação para realizar partidas do Brasileirão com até 30% da capacidade dos estádios. A cidade que mais faz pressão pela volta do público é o Rio
de Janeiro, por meio de uma demanda do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que autorizou o retorno da torcida – apenas para jogos no Maracanã. Contudo, pouco tempo depois, decreto do governador em exercício, Claudio Castro (PSC), derrubou a decisão.
Na terça-feira, a CBF, recebeu o aval do Ministério da Saúde sobre o polêmico tema. As propostas de plano sanitário e de protocolo enviadas apara uma possível volta da torcida em estádios brasileiros foram aprovadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.