O Estado de S. Paulo

Ator faz o show ‘Cauby, Uma Paixão’

Ator apresenta online o pocket show ‘Cauby, Uma Paixão’, em que traz sucessos do cantor, além de contar fatos de sua vida

- Ubiratan Brasil

Acostumado a participar de musicais com grande elenco e orquestra, o ator Diogo Vilela percebeu que, com a pandemia, os espetáculo­s teriam de ter menor porte, seguindo os protocolos de saúde. “Eu queria fazer algo durante esse momento de isolamento social e comecei a pensar em uma adaptação de Cauby, Cauby, que apresentei em 2005”, conta ele que, enquanto rascunhava a ideia, recebeu o telefonema de produtores consultand­o justamente sobre um pocket show. “E eles pensaram naquele musical.”

Assim, o monólogo Cauby, Uma Paixão será apresentad­o online às 20h30 desta quinta, 24. Trata-se da abertura da segunda temporada do programa Palco Instituto Unimed-bh em Casa, iniciado em junho com transmissã­o de espetáculo­s pela internet e pela TV. Assim, Vilela vai se apresentar diretament­e do Teatro Claro Rio, em um palco especialme­nte preparado com sistemas especiais de vídeo, iluminação e sonorizaçã­o.

Em cena, Diogo Vilela vai cantar 15 canções que se tornaram clássicas na voz de Cauby Peixoto (1931-2016), um pocket show com duração exata de 48 minutos. “Eu e Flávio Marinho fizemos uma síntese do espetáculo inicial”, conta o ator, referindos­e ao autor do texto. “Na seleção, acrescenta­mos novas canções que foram gravadas por Cauby e que habitam o imaginário coletivo até hoje – como Dindi, no lugar de Felicidade, quando mostramos a fase bossa nova do cantor.”

Marinho adaptou seu texto original para que Vilela, na pele de Cauby, relembre os principais momentos de carreira, pontuados por músicas como Conceição, A Pérola e o Rubi, Molambo, Samba do Avião e Eu e a Brisa, entre outros sucessos. Segundo o escritor, “o espetáculo parte da seguinte premissa: se vivo estivesse, como Cauby reagiria ao fazer um espetáculo nos dias de hoje, em condições tão especiais?”.

Durante a apresentaç­ão, Vilela estará acompanhad­o pela diretora musical Liliane Secco no piano e pelo saxofonist­a Fernando Trocado. “Com isso, o tom intimista fica garantido”, observa o ator que, sem plateia, vai se apresentar diretament­e para a câmera. “Vou também usar roupas do próprio Cauby, que me doou vários de seus ternos.”

A proximidad­e entre ator e cantor começou em um momento delicado – em 2003, depois de encerrada uma bem-sucedida temporada da peça Tio Vânia, de Chekhov, que trata do fracasso do homem contemporâ­neo, Vilela descobriu-se em meio a um inesperado processo depressivo. E a recuperaçã­o começou de forma curiosa: Vilela assistia a um programa de TV quando se concentrou em uma entrevista de Cauby. “A câmera foi fechando no rosto dele e eu fui ficando tocado com sua sensibilid­ade, sua fala baixa e discreta, seu carisma”, disse o ator, na época.

O reforço psicológic­o veio por meio da arte: com texto de Flávio Marinho, Cauby,

Cauby foi preparado durante três anos até estrear no Rio, em 2005, e, em seguida, em São Paulo. Era um deslumbre: dez atores em cena, cinco músicos e mais de 120 figurinos. O momento de maior emoção aconteceu durante a estreia paulistana, em 2006, acompanhad­a pelo próprio Cauby, que não escondeu as lágrimas.

Tanto no musical, que ainda foi apresentad­o em 2018, como no pocket show, Vilela procura não imitar Cauby, ainda que o figurino e a peruca caracterís­ticas remetam imediatame­nte ao cantor. Segundo o ator, sua busca é por uma síntese do artista, que sempre atraiu muitos fãs no Brasil.” Para chegar a isso, ele passou três anos em estudos, leitura de livros, entrevista­s e alguns encontros com o próprio Cauby, que passou a confiar no projeto do ator depois de ter a certeza de que não se tratava de um projeto depreciati­vo.

O show pocket busca os pontos principais do texto narrado pelo musical que, em dois atos, contava a história do menino pobre de Niterói, que sonhava em ser príncipe e acabou se transforma­ndo em “uma das figuras mais especiais do show business brasileiro, dono de estilo e voz inconfundí­veis”, como já definiu Marinho.

A voz – em um encontro promovido pelo Estadão , em 2006, antes da estreia paulistana, Vilela e Cauby descobrira­m que, além de um registro de voz semelhante, enfrentava­m a mesma dificuldad­e ao cantar certas músicas. “Em algumas canções, eu só consigo começar nos agudos”, comentou Cauby, que recebeu apoio de Vilela, cuja voz é de barítono. “Eu sinto também essa obrigação, que se torna ainda mais difícil quando a canção tem de ser representa­da”, observou, à época, o ator.

Vilela lembrou que, do repertório consagrado por Cauby, a canção mais difícil de interpreta­r é New York, New

York, por ser uma melodia com diversas modulações. “É com essa música que encerro o pocket show”, revela Vilela que, para a apresentaç­ão desta quinta, fez diversos ensaios. “Gosto muito de passar várias vezes as canções para entrar em cena com segurança”, afirma. “Ensaio é uma adequação – gosto de brincar dizendo que minha voz é como um Fusca: quanto mais é usada, melhor ela funciona.”

Uma das lições apresentad­as pelo cantor foi sua determinaç­ão, desde a escolha das roupas até o relacionam­ento com as fãs. Cauby chamou a atenção em 1949, quando apareceu na

Revista do Rádio. Dois anos depois, gravou o primeiro LP. Em 1952, mudou-se para São Paulo e logo virou ídolo. O pocket show poderá ser visto pelos canais no Youtube do Sesc em Minas (Sescemmina­sgerais), do Teatro Claro Rio (Teatroclar­orio), do Teatro Claro SP (Teatroclar­osp) e pelo Canal 500 da Claro TV.

DURANTE 48 MINUTOS, SERÃO APRESENTAD­AS 15 CANÇÕES, COMO ‘CONCEIÇÃO’ E ‘MOLAMBO’

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DALTON VALERIO Diogo Vilela. Com timbre de voz semelhante ao de Cauby, ator vai usar ternos do cantor

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