A verdade é para os fortes
Tudo já foi dito sobre Bolsonaro na fala à ONU: suas lorotas, a bajulação a Donald Trump e as distorções da realidade brasileira. Os que “sofrem” de lucidez sentem a aspereza do desconforto. Mas os cegos por não quererem ver se vangloriam e endossam as mentiras proferidas como se verdades fossem. Isso porque, para sair da caverna onde só se podem ver sombras projetadas nas paredes, é preciso ousar para ver as coisas como de fato são. Os mais corajosos ousam sair e ver tudo no entorno, claramente, enquanto os amedrontados – não me agrada chamá-los de covardes, porque o medo muitas vezes é fruto de traumas vividos com muita dor – preferem permanecer protegidos das desilusões e dar como verdadeiras as sombras que visualizam dentro da caverna. E tendem a criar mitos e lendas para ajudá-los a confirmar como verdadeiras as interpretações que dão às imagens formadas pelas sombras. Agarram-se às crenças por lhes ser insuportavelmente assustador viver sem narrativas que deem sentido ao que enxergam. Pobres almas, submetem-se aos embrutecidos e tiranos por temerem a luz do dia e o que ela mostra. Preferem o sono perene e a morte da verdade. O aprisionamento na caverna servelhes de abrigo. Fogem da liberdade, da vida como ela é. Pois que “a vida é luta renhida que aos fracos abate e aos fortes só faz exaltar” (Gonçalves Dias).
ELIANA FRANÇA LEME, psicóloga
EFLEME@GMAIL.COM
CAMPINAS