O Estado de S. Paulo

Agricultur­a manda refazer nota crítica a guia alimentar

Teresa Cristina quer reformular trechos, depois de pesquisado­res falarem em ‘distorção’ na defesa de industrial­izados

- André Borges / BRASÍLIA

A ministra da Agricultur­a, Tereza Cristina, orientou técnicos a refazer nota que pedia à pasta da Saúde a remoção de críticas a alimentos industrial­izados, contidas no guia alimentar do País.

A ministra da Agricultur­a, Tereza Cristina, pediu aos técnicos da pasta que reformulem a nota sobre o guia alimentar do País. O documento, que causou polêmica na semana passada, pedia ao Ministério da Saúde que removesse trechos com críticas aos alimentos industrial­izados. A decisão de revisar o conteúdo foi confirmada ao Estadão pela própria ministra.

Na nota, o Mapa classifica­va o Guia Alimentar Para a População Brasileira como um dos piores do mundo, mas não citava fontes ou evidências científica­s como base dessa conclusão. Tereza Cristina devolveu o documento e pediu que seja refeito.

O guia, elaborado pela equipe técnica do Ministério da Saúde – e válido desde 2014, quando a edição mais atualizada foi publicada –, traz diretrizes sobre alimentaçã­o adequada e saudável para a população brasileira, com recomendaç­ões que privilegia­m alimentos in natura ou pouco processado­s.

Nesta semana, dois cientistas das Universida­des de Oxford (Reino Unido) e Harvard (Estados Unidos), autores de um estudo que analisou guias alimentare­s de dezenas de países, acusaram a Associação Brasileira de Indústria de Alimentos (Abia) de desonestid­ade, por, segundo eles, usar os resultados de sua pesquisa de forma distorcida para atacar o guia brasileiro.

A Abia endossou parte das críticas do Ministério da Agricultur­a ao documento e usou como uma das evidências da suposta falta de qualidade das diretrizes brasileira­s um estudo internacio­nal publicado neste ano no periódico científico The British Medical Journal (BMJ), um dos mais importante­s do mundo, que avaliou as consequênc­ias da adoção de guias alimentare­s nacionais na saúde e no meio ambiente.

A pesquisa foi citada em posicionam­ento oficial da Abia, que pede a revisão do guia. Ao saberem que a pesquisa estava sendo usada para criticar o guia brasileiro, os cientistas divulgaram uma nota de esclarecim­ento em que afirmam que a declaração da Abia faz uma interpreta­ção “grosseira” e um mau uso da publicação científica de autoria deles.

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