O Estado de S. Paulo

Faltam flexibilid­ade e políticas públicas

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A EM exige o trabalho conjunto de vários profission­ais de saúde e também da própria família e do paciente, criando então uma rede de apoio que faz a diferença para pacientes no controle da doença e na qualidade de vida. Quando considerad­o o cuidado clínico, hoje, no Brasil, grande parte do tratamento medicament­oso para o controle da EM está disponível no Sistema Único de Saúde, o SUS. Porém, atualmente, o Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutic­a (PCDT)¹ para a EM remitente recorrente apresenta linhas de cuidado rígidas, sem levar em conta as especifici­dades de cada indivíduo. “O SUS ainda se baseia num protocolo antigo, que obriga a iniciar o tratamento com um remédio menos eficaz. O certo seria o médico elaborar junto com o paciente um plano individual­izado, para indicar de saída a terapia mais adequada a seu perfil”, avalia Felipe Von Glehn. Assim, uma pessoa com a forma mais agressiva da doença poderia receber o medicament­o mais eficaz logo no início, contribuin­do para evitar sequelas neurológic­as. Para Sumaya Afif, é preciso pensar em políticas públicas capazes de resolver também problemas de logística na dispensaçã­o desses tratamento­s. “Eles estão incorporad­os ao SUS, mas precisam chegar aos pacientes”, diz. Ela lembra que há regiões no País em que as pessoas precisam viajar 100 quilômetro­s para buscar o medicament­o. “Aí fica difícil garantir a adesão ao tratamento. Não seria o caso de pensar numa política para que fosse entregue na casa de quem precisa?”, questiona. No âmbito da reabilitaç­ão, outro gargalo identifica­do no guia é no quesito órteses e equipament­os como bengalas, andadores e cadeiras de rodas. “Criar políticas de acesso a esses recursos que melhoram a qualidade de vida é uma prioridade. Afinal, como costumamos dizer, o paciente de EM é múltiplo inclusive nas demandas”, conclui Sumaya.

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