O Estado de S. Paulo

Protestos raciais de Louisville se espalham pelos EUA

Manifestan­tes protestam contra a absolvição de dois policiais envolvidos em morte de enfermeira negra, em março

- LOUISVILLE, EUA

Os protestos raciais de Louisville, no Kentucky, se espalharam ontem para outras cidades dos EUA. Mobilizaçõ­es foram registrada­s em Nova York, Portland, St. Paul, Chicago, Seattle, Atlanta, Denver e Milwaukee. A revolta começou na quarta-feira, quando a Justiça decidiu acusar apenas um dos policiais envolvidos no assassinat­o de Breonna Taylor, enfermeira negra que morreu em março.

Na primeira noite de protestos, dois policiais foram feridos a bala e um suspeito foi detido em Louisville. Ontem, a polícia identifico­u o atirador como sendo Larynzo Johnson, de 26 anos, que foi indiciado por tentativa de homicídio – os dois policiais feridos não correm risco de morrer.

Autoridade­s municipais pediram calma à população, declarou estado de emergência e acionou o toque de recolher a partir das 21 horas, no horário local. Além de Johnson, outras 46 pessoas foram presas nos protestos.

Breonna foi baleada seis vezes durante uma operação antidrogas no dia 13 de março, quando estava dentro de seu próprio apartament­o com o namorado. Nenhuma droga foi encontrada na casa e a enfermeira não tinha antecedent­es criminais. Na semana passada, a cidade concordou em pagar US$ 12 milhões de indenizaçã­o à família dela.

Na quarta-feira, um júri do Kentucky indiciou o ex-detetive Brett Hankison, que foi demitido em junho, por três acusações criminais. No entanto, os outros dois policiais, Jonathan Mattingly e Myles Cosgrove, escaparam de um julgamento.

O presidente dos EUA, Donald

Trump, ofereceu ajuda para conter os protestos, mas o governador do Kentucky, Andy Beshear, e o prefeito de

Louisville, Greg Fischer, rejeitaram a oferta.

A decisão de inocentar os outros dois policiais envolvidos no caso causou uma reação de repúdio em várias partes dos EUA. “A morte de Breonna foi um assassinat­o”, disse o governador de Nova York, Andrew Cuomo. LeBron James, astro do basquete americano, disse que estava “revoltado”. “Estou sem palavras. Estou arrasado, magoado, triste, louco”, escreveu LeBron no Twitter.

Justin Jackson, jogador de futebol americano, também protestou. “Os assassinos de Breonna Taylor escapando impunes sem nem mesmo um julgamento é exatamente a podridão sistêmica pela qual as pessoas estão protestand­o”, disse.

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NATHAN HOWARD/GETTY IMAGES/AFP-23/9/2020 Confusão. Policiais em protesto antirracis­ta em Portland

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