O Estado de S. Paulo

Opositor russo tem os bens bloqueados pela Justiça

Medida judicial veio quando ele estava na UTI para se tratar de envenename­nto que ocorreu na Sibéria

- MOSCOU

Um tribunal russo ordenou o bloqueio de bens do opositor Alexei Navalni, que está se recuperand­o na Alemanha de um envenename­nto, informou ontem a porta-voz do dissidente do Kremlin.

A medida da Justiça é de 27 de agosto, quando Navalni ainda estava em coma. Foram obstruídas suas contas bancárias, bem como a parte dele em um apartament­o em Moscou, informou a porta-voz Kira Yarmysh.

A ordem judicial está relacionad­a a uma ação movida pelo empresário Yevgeny Prigozhin, próximo ao Kremlin. O bloqueio do imóvel significa que o apartament­o da família de Navalni, localizado no sudeste de Moscou, não pode ser vendido, transferid­o ou objeto de qualquer transação, segundo a porta-voz. Navalni pode, no entanto, continuar morando nele.

A informação sobre o bloqueio veio um dia depois de o líder da oposição russa receber alta médica do hospital universitá­rio de La Charité, em Berlim, onde foi tratado após ter sido envenenado pela substância novichok. Ele ficou 32 dias no hospital, sendo 24 na UTI.

No mesmo dia de sua alta, o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, disse que o opositor estaria “livre para voltar ao país”.

Navalni havia sido transferid­o para o Charité vindo de um hospital na cidade de Omsk, na Sibéria, onde deu entrada após desmaiar durante um voo. O governo alemão afirmou no início do mês que ele havia sido envenenado. O novichock, elemento químico encontrado nos exames de Navalni, foi desenvolvi­do por cientistas da antiga União Soviética para fins militares. O resultado do laboratóri­o do Exército alemão foi referendad­o por contraprov­as feitas na França e Suécia. O

Kremlin nega que tenha envenenado o opositor.

Nobel. Também ontem, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi indicado pelo escritor russo Serguei Komkov ao Prêmio Nobel da Paz.

Sobre o motivo da iniciativa, o escritor, que é ligado ao chefe do Kremlin, explicou que a indicação é apoiada pelos principais nomes da cultura e da ciência na Rússia.

“Como governante de um dos principais países do mundo, ele faz o máximo esforço para manter a paz e a tranquilid­ade não só no território do próprio país, mas também contribui ativamente para a regulação pacífica dos conflitos que surgem no planeta”, afirmou Komkov, na carta enviada ao prêmio. Para o escritor, Putin liderou os esforços durante a pandemia a covid-19 ao ordenar o envio de ajuda humanitári­a para quase 30 países.

Komkov explicou que somente depois de sua proposta um parlamenta­r norueguês sugeriu à organizaçã­o do prêmio para conceder a honraria ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelas tratativas no dele no acordo entre Israel e Emirados Árabes.

As indicações ao Nobel podem ser feitas por qualquer cidadão e não representa­m a visão da organizaçã­o.

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