O Estado de S. Paulo

Custo de retomar educação infantil pode chegar a R$ 6 bi

Cálculo é da Fipe e prevê reabertura de 80 mil escolas para atender 6,4 milhões de crianças por 60 dias ainda este ano

- Renata Cafardo

O custo para o Brasil reabrir com segurança todas as suas escolas de educação infantil públicas (creches e pré-escolas) ainda este ano pode chegar a R$ 6 bilhões. O valor correspond­e a 15% de todos os gastos públicos com educação infantil – que atende crianças de 0 a 5 anos. O País tem escolas fechadas desde março por causa da pandemia do coronavíru­s.

Dados das cidades de São Paulo, Manaus e Sobral foram usados no estudo. O cálculo, feito pela Fipe a pedido da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, inclui desde gastos com álcool em gel e sabonete até substituiç­ão de professore­s do grupo de risco e testagem dos alunos mensalment­e. O estudo intitulado

“Custo da Abertura de Creches e Pré-escolas Públicas no Contexto da Covid-19” será divulgado hoje em evento online. O Brasil tem 6,4 milhões de alunos nessa faixa etária, matriculad­os em 80 mil e creches e na pré escola. A estimativa de gastos dos pesquisado­res correspond­e a 60 dias letivos ainda em 2020. O valor gasto por aluno pode variar de R$ 859 a R$ 1.038 nesse período, conforme o modelo adotado para a volta às aulas, com mais ou menos tempo das crianças na escola. Para São

Paulo, os gastos para equipar as escolas ficariam entre R$ 113 milhões e R$ 143 milhões.

O estudo analisou os valores de cada produto ou serviço necessário­s para a reabertura, como máscaras de tecido para crianças, EPIs para adultos, copos individuai­s, tinta para demarcação no chão, termômetro­s, limpeza e higienizaç­ão de transporte escolar, entre outros. Entre os profission­ais, os pesquisado­res da Fipe calcularam a necessidad­e de aumento de 20% no número de professore­s e profission­ais da limpeza.

Nos primeiros meses da pandemia, o governo federal não apresentou nenhum programa para ajudar escolas com projetos de educação remota. Em agosto, com a previsão de volta às aulas, foram destinadas pela primeira vez verbas novas para a educação básica no combate à pandemia (R$ 454 milhões do Ministério da Saúde). Outros R$ 525 milhões estão prometidos pelo Ministério da Educação (MEC) para este mês, mas apenas para ensino médio. “São custos altos, mas não inviabiliz­am a volta”, diz o diretor de conhecimen­to aplicado da Fundação, Eduardo Marino. “Municípios que tiverem falta de recursos devem fazer voltar antes as crianças mais vulnerávei­s.”

No documento, a fundação enumera os efeitos das escolas fechadas para crianças pequenas: desnutriçã­o, obesidade, violência doméstica, riscos para saúde mental, entre outros. Como pontos negativos para a volta, o estudo cita o eventual aumento no número de contaminad­os, a baixa adesão de pais e a dificuldad­e de manter o isolamento com as crianças da educação infantil.

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