O Estado de S. Paulo

O encolhimen­to e o declínio da indústria

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O desempenho da indústria mundial vinha perdendo dinamismo antes do surgimento da pandemia do novo coronavíru­s, mas o da brasileira estava sendo mais fraco do que o das principais potências industriai­s do planeta. Assim, há tempos, a indústria brasileira perde participaç­ão na produção mundial. É como se, na comparação com o resto do mundo, o setor manufature­iro nacional estivesse encolhendo. Em 2018, em razão de mudanças nos critérios de comparação, das oscilações da taxa de câmbio e, sobretudo, do fraco desempenho, a indústria brasileira deixou de figurar entre as dez mais importante­s do mundo. Naquele ano, ficou na 15.ª posição; em 2019, no mais recente relatório da Organizaçã­o das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento Industrial (Unido), ficou no 16.º lugar.

Parceiro da Unido na divulgação do trabalho, o Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi) observa que o encolhimen­to do Brasil no valor adicionado da indústria (VAT) mundial “já vem de longo tempo”. “Em 2010, quando o País ocupava a 10.ª posição do ranking, a indústria brasileira respondia por 2,05% do VAT mundial, retraindo para 1,24% em 2018 e 1,19% em 2019.”

Nos últimos anos, outros países em desenvolvi­mento tiveram desempenho muito melhor do que o Brasil, com economias mais dinâmicas e em rápido processo de transforma­ção. Desse modo, vêm conseguind­o aumentar constantem­ente sua fatia no valor da produção industrial mundial.

O caso da China é particular­mente notável. Entre 2010 e 2019, sua fatia cresceu de 21,1% para 29,7%, consolidan­do sua posição de principal potência industrial do planeta, que conquistar­a ainda na primeira década deste século, superando os Estados Unidos. Já a fatia americana vem diminuindo (de 22,8% em 2005 para 19,66% em 2010, 16,40% em 2018 e 16,31% no ano passado).

Na América Latina, o México vem apresentan­do desempenho melhor do que o do Brasil nos últimos anos. Em 2010, a produção industrial mexicana correspond­ia a 1,7% da mundial (menor do que a participaç­ão brasileira); no ano passado, tinha caído para 1,52%, mas a queda foi menor do que a do Brasil, que, por isso, acabou sendo superado.

É mais um retrato do declínio da indústria no País, que perde espaço no PIB nacional, na produção mundial e nas exportaçõe­s.

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