Famílias Odebrecht e Gradin encerram disputa societária
Briga, que se arrastava há quase uma década, foi solucionada em acordo de pagamento em 40 anos, segundo fontes
Uma das maiores brigas societárias do País, que se estendeu por quase uma década, acaba de chegar ao fim. Segundo apurou o Estadão, as famílias Odebrecht
e Gradin, sócias na gigante de infraestrutura, chegaram a um acordo para a briga que começou em 2011 e é relativa à participação de pouco mais de 20% que os Gradin detinham na Odebrecht. Os sócios majoritários ofereceram US$ 1,5 bilhão (o que, ao dólar da época, equivalia a menos de R$ 3 bilhões), mas os minoritários não aceitaram (chegaram a demandar R$ 12 bilhões).
Segundo fontes próximas ao acordo, a família Gradin deve receber só uma parte do valor que pleiteava lá atrás – e o recebimento vai seguir os trâmites da recuperação judicial da Odebrecht. O Estadão apurou que o acordo prevê o pagamento de um total de R$ 6 bilhões, divididos em 40 anos e condicionados à disponibilidade de caixa da companhia. A paz entre as partes teria sido costurada sob a supervisão do empresário Emílio Odebrecht.
O acordo chega em um momento muito difícil para a Odebrecht, que viu seu império desmoronar após um intricado esquema de corrupção envolvendo o grupo ter sido revelado pela Operação Lava Jato. A gigante teve de pedir proteção à Justiça para tentar desatar o nó de uma dívida de cerca de R$ 100 bilhões.
Histórico. O patriarca Victor Gradin, que faleceu em 2019 e era uma figura próxima da família Odebrecht, ingressou na empresa na década de 1970, quando ela ainda operava somente na Bahia. A família Gradin tornou-se, dessa forma, a segunda maior participação acionária no grupo depois da família Odebrecht.
As duas famílias trabalhavam na companhia, lado a lado, até a disputa societária começar. Filhos de Victor, Bernardo e Miguel Gradin presidiram empresas do grupo até 2010. Diante da
• Sociedade O empresário Victor Gradin chegou à empresa na década de 1970, quando ela ainda estava restrita à Bahia, e se tornou o 2º maior acionista da Odebrecht.
desavença, Victor foi destituído do conselho da Odebrecht, em 2011. O caso chegou a ir para arbitragem, em 2015, mas só agora foi solucionado.
Em comunicado interno distribuído ontem, o diretor-presidente da Odebrecht S/A, Ruy Sampaio, afirmou que a “pacificação é significativa e fundamental, por encerrar conflitos de muitos anos e por permitir que essas empresas possam se concentrar nos seus negócios e operações”.
Procurada, a Odebrecht não comentou oficialmente. Representantes da família Gradin não foram encontrados.