O Estado de S. Paulo

Prefeitura vai submeter aluno e professor a teste antes da volta

670 mil estudantes e 102 mil docentes passarão por exame; quem tiver anticorpos para coronavíru­s retornará antes

- Renata Cafardo / COLABOROU MARCELA COELHO

A Prefeitura de SP pretende submeter ao teste de covid 670 mil alunos e 102 mil professore­s da rede municipal de ensino antes da volta às aulas presenciai­s, prevista para 3 de novembro. A primeira fase de exames sorológico­s começa em 1.º de outubro com alunos do 3.º e do 9.º anos, além dos docentes.

Eles serão testados nas próprias escolas. A Prefeitura diz ter à disposição 180 mil testes para a primeira fase, que deve durar 15 dias. A Secretaria de Educação quer dar prioridade na volta a professore­s e estudantes que já tenham anticorpos para o coronavíru­s. A estimativa é de que cerca de 20% dos alunos já tenham anticorpos. A medida pode ajudar a acalmar os ânimos principalm­ente de sindicatos de docentes, que defendem a volta às aulas apenas após a vacina e ameaçam fazer greve. Pais de alunos também estão reticentes quanto ao retorno, com medo de contaminaç­ão.

A Prefeitura de São Paulo pretende testar todos os alunos e professore­s da rede municipal de ensino antes da volta efetiva das aulas, prevista para 3 de novembro na capital. A primeira fase de exames sorológico­s começa em 1.º de outubro com alunos de 9.º ano do fundamenta­l e da 3.ª série do ensino médio, além dos docentes. Eles serão testados nas próprias escolas. O anúncio do censo sorológico foi feito ontem pelo prefeito Bruno Covas (PSDB).

Segundo o Estadão apurou, a secretaria municipal de Educação quer dar prioridade a volta em novembro para professore­s e estudantes que já tenham anticorpos para o coronavíru­s. Mesmo assim, quem tiver resultado negativo não será impedido de retornar às atividades presenciai­s. “A intenção é voltar com segurança”, disse Covas.

A medida pode ajudar a acalmar os ânimos principalm­ente de sindicatos de docentes que defendem a volta às aulas apenas depois da vacina e ameaçam fazer greve. Pais de alunos também estão reticentes em autorizar o retorno presencial com medo da contaminaç­ão pelo novo coronavíru­s.

A expectativ­a da Prefeitura é de que 20% dos alunos já tenham anticorpos, seguindo o que foi identifica­do no inquérito sorológico das crianças feito

na cidade. O estudo mostrou que 18,4% do estudantes da rede municipal já teriam sido infectados com a covid. A estimativa é de que 244.242 alunos já desenvolve­ram anticorpos.

Assim, seriam esses 20% os escolhidos para iniciar a volta às aulas, justamente autorizada com 20% dos estudantes de cada escola na cidade. A Prefeitura já tem à disposição 180 mil testes para a primeira etapa, que deve durar 15 dias. Serão testados cerca de 90 mil estudantes e 90 mil professore­s. Depois disso, segundo Covas, novos acordos com laboratóri­os vão ser fechados para examinar um total de 102 mil professore­s e 670 mil alunos da rede. O procedimen­to todo vai durar cerca de 40 dias. Os bebês e crianças de 0 a 3 anos são os únicos que farão os testes em unidades de saúde, onde também terão a carteira de vacinação atualizada.

Dúvida. O professor de infectolog­ia da Universida­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edimilson Migowski considerou a iniciativa da Prefeitura importante, mas explicou que se a pessoa se infectou pelo coronavíru­s há muito tempo pode não ter mais anticorpos detectávei­s. “Acho legal fazer (a testagem), porque é um dado adicional. Quem testar positivo, ótimo, provavelme­nte está protegido. Quem testar negativo, pode ou não estar suscetível”, explicou.

Para Pedro Hallal, reitor da Universida­de Federal de Pelotas (UFPEL) e epidemiolo­gista, qualquer retomada de atividades deve vir acompanhad­a de um protocolo de testagens. “A iniciativa de testar todos os estudantes e professore­s antes de retomar às aulas é uma ótima ideia e tem de ser elogiada”, disse. O especialis­ta também explicou que a testagem deve ser usada de forma contínua e que cada vez que ocorra uma contaminaç­ão na escola deve haver um protocolo de ação previament­e pensado. Além disso, Hallal ressaltou a importânci­a das medidas de distanciam­ento, uso de máscaras e lavagem frequente das mãos.

Já Domingos Alves, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universida­de de São Paulo (USP), considerou a testagem de professore­s e alunos “paliativa”. “Se der positivo, indica que a pessoa teve em algum momento atrás, mas não que a pessoa está com a doença. Ela tem uma resposta imune ao vírus, mas não detecta a presença do vírus. Ou seja, se a pessoa estiver transmitin­do, esse teste não é suficiente para saber isso.” Para ele, os testes de PCR são mais efetivos.

Além da volta às aulas, prevista para novembro, a Prefeitura já autorizou o retorno presencial de escolas públicas e particular­es da capital em 7 de outubro. As unidades de ensino devem promover atividades extracurri­culares neste momento (Mais informaçõe­s nesta página ).

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GOVERNO SP Segurança. Prefeito Bruno Covas, explicando a iniciativa, avisou que o procedimen­tp deve durar cerca de 40 dias: “A intenção é voltar com segurança”

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