Carlos pagou 70% abaixo de valor de imóvel
Um dos três imóveis comprados pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) durante sua vida pública foi adquirido por preço 70% abaixo do avaliado pela Prefeitura. Localizado em Copacabana, na zona sul do Rio, o apartamento em um apart-hotel custou ao filho do presidente Jair Bolsonaro R$ 70 mil, quando tinha valor de R$ 236 mil estipulado pela prefeitura para cobrança de imposto.
A prática não é ilegal, mas costuma despertar suspeitas – por possibilitar, em tese, pagamentos “por fora”, sem registros oficiais. É considerada, por órgãos de controle, uma forma conhecida de lavagem de dinheiro. Procurado, Carlos Bolsonaro não se pronunciou.
O negócio foi fechado em março de 2009, conforme escritura foi obtida no mesmo cartório em que estava o documento do imóvel comprado por Carlos por R$ 150 mil, em dinheiro vivo, quando tinha 20 anos – a aquisição foi revelada pelo Estadão na quarta-feira. Nesse caso, o apartamento fica na Tijuca, zona norte da cidade, e também teve “desconto”. Custou 30% menos que o estipulado pelo município: R$ 213.499,00.
Na compra do apartamento de Copacabana, o pagamento foi feito por transferência eletrônica, conforme o registro. Carlos é investigado pelo Ministério Público do Rio por suspeitas de ter empregado funcionários “fantasmas” e se apropriado de parte dos rendimentos deles por meio da chamada “rachadinha”. A prática, se confirmada, configura peculato – desvio de dinheiro público.
O montante pago pelo apartamento de Copacabana, em valores corrigidos pelo IPCA, corresponderia hoje a R$ 127,6 mil. Se o vereador tivesse desembolsado o valor de R$ 236 mil, o preço atualizado saltaria para R$ 430,6 mil. Ninguém, porém, é obrigado a seguir os valores fixados pela prefeitura.