O Estado de S. Paulo

Eduardo diz que citou ruptura numa ‘conjuntura incerta’

Deputado depôs à PF por seis horas e meia, afirmou ter feito ‘análise de cenário’ e negou subversão da ordem

- BRENO PIRES, PAULO ROBERTO NETTO e FAUSTO MACEDO

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou à Polícia Federal (PF) que quando disse, em 28 de maio, que participav­a de reuniões em que se discutia “quando” acontecerá “momento de ruptura” no Brasil, estava referindo a uma “cogitação futura e incerta”. O parlamenta­r foi confrontad­o na terça-feira pelas declaraçõe­s, dadas em maio, ao blogueiro Allan dos Santos, investigad­o no inquérito que apura a realização de atos antidemocr­áticos.

O teor do depoimento foi revelado pela emissora CNN Brasil e confirmado pelo Estadão.

Na live com Santos, em maio, Eduardo afirmou também que

“quando chegar ao ponto em que o presidente não tiver mais saída e for necessário uma medida enérgica, ele é que será tachado como ditador”.

À PF, o filho do presidente afirmou que “foi uma análise de um cenário e não uma defesa de ideia, que a frase está na esfera de cogitação futura e incerta, que inexiste qualquer tipo de organizaçã­o voltada para a subversão da ordem democrátic­a”, segundo registro do termo de depoimento. E que o termo ‘ação enérgica’ não se refere a nenhuma conduta específica, mas tão somente a uma atuação política mais efetiva. “Ressalto ainda que não se trata de medida de intervençã­o militar ou de interferên­cia em outros poderes”, informa o documento.

Questionad­o sobre quais elementos o levaram a dar a declaração sobre quando ocorreria uma “medida enérgica”, Eduardo respondeu que a fala foi dita

“no contexto dos acontecime­ntos de divergênci­a entre os poderes Executivo e Judiciário”. À época, o ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello havia liberado o vídeo da reunião ministeria­l do dia 22 de abril – em outro processo, o decano encaminhou à PGR notícia-crime que pedia a apreensão do celular do presidente, ação de praxe que provocou forte reação no meio militar.

Eduardo acrescento­u, em depoimento que “atualmente” não acredita que “tal ruptura possa ocorrer”. O deputado foi ouvido no seu gabinete, em Brasília, por seis horas e meia. Também respondeu sobre participaç­ão em encontros organizado­s por Santos. /

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GABRIELA BILO / ESTADAO-16/9/2020 Depoimento. Eduardo Bolsonaro falou a investigad­ores

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