Ataque fere dois perto da antiga sede do ‘Charlie Hebdo’ em Paris
Autoridades tratam ato como terrorismo; dois homens foram presos e as vítimas não correm risco de morrer
Duas pessoas foram feridas a faca ontem perto de onde funcionava o escritório do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. Outras duas pessoas foram presas logo após a agressão e as vítimas não correm risco de morrer. Autoridades francesas classificaram a ação como um ataque terrorista. O local já havia sido cenário de uma outra ação, em 2015, que deixou 12 pessoas mortas e começou a ser julgada no dia 2. Ao todo, 14 pessoas são acusadas pelo atentado.
O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse que o ataque de ontem foi “claramente um ato de terrorismo islâmico”. “É a rua onde ficava o Charlie Hebdo, é o modo de operar dos terroristas islâmicos, está claro, sem dúvida alguma, que é um novo ataque sangrento contra nosso país”, disse o ministro à rede de TV France 2.
Jean-françois Ricard, o principal promotor antiterrorismo da França, disse que instaurou um inquérito sobre o caso. Segundo ele, um dos homens presos é paquistanês e tem 18 anos. O outro nasceu na Argélia e tem 33 anos. Os nomes não foram divulgados e mais pessoas podem ter auxiliado na ação.
A polícia disse ter recolhido um facão um cutelo no local do ataque. Um pacote também foi achado e havia uma suspeita de bomba, que logo foi descartada. O suspeito mais novo, informaram as autoridades, tinha passagens pela polícia por porte ilegal de armas – ele estava com a roupa suja de sangue quando foi capturado.
As duas vítimas, um homem e uma mulher, eram funcionários da produtora de documentários Premières Lignes, que fica ao lado do antigo escritório do Charlie Hebdo. Alguns de seus funcionários foram as primeiras testemunhas do ataque de janeiro de 2015. As duas pessoas feridas estavam no local fumando no intervalo do trabalho.
Luc Hermann, jornalista da Premières Lignes, disse ao canal de notícias BFM que os dois funcionários foram atacados “totalmente por acaso”. Ele reclamou da falta de segurança no local no momento em que terroristas são julgados pelo atentado de 2015.
Poucas horas depois do ataque de ontem, o semanário satírico escreveu no Twitter que “toda a sua equipe oferece apoio e solidariedade aos ex-vizinhos e colegas” da Premières Lignes, “e às pessoas afetadas por esse ataque hediondo”.
Recentemente, a Al-qaeda fez novas ameaças contra o Charlie Hebdo, que se mudou para escritórios com mais segurança após o ataque de 2015. As intimidações vieram após a decisão do jornal de reimprimir caricaturas satíricas do profeta Maomé, um dia antes do início do julgamento da ação de cinco anos atrás.
Desde março de 2012, de acordo com levantamento feito pela agência de notícias espanhola EFE, 264 pessoas foram mortas em atentados liderados por grupos terroristas islâmicos na França. Os alvos mais comuns foram policiais e agentes públicos, a comunidade judaica e jornalistas.
“É a rua onde ficava o Charlie Hebdo, é o modo de operar dos terroristas islâmicos, está claro, que é um novo ataque sangrento contra nosso país” Gérald Darmanin
MINISTRO DO INTERIOR DA FRANÇA
“O governo está determinado a combater o terrorismo com todos os seus meios” Jean Castex
PRIMEIRO-MINISTRO DA FRANÇA