O Estado de S. Paulo

OMS sugere doação de US$ 35 bi para frear a pandemia

Pedido é dirigido aos países desenvolvi­dos e dinheiro vai ser investido em iniciativa­s que visam a acelerar o fim da crise

- Larissa Gaspar

A Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) pediu ontem que representa­ntes dos países desenvolvi­dos contribuam para alcançar a meta de arrecadaçã­o de US$ 35 bilhões para o acelerador de acesso às ferramenta­s da covid-19, o Accelerato­r ACT, que vai produzir e entregar 2 bilhões de doses de vacinas, 245 milhões de tratamento­s e 500 milhões de testes de diagnóstic­o no próximo ano. O ACT é a única iniciativa global que oferece uma solução para acelerar o fim da pandemia da covid-19.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesu­s, afirmou que a economia global deverá contrair em US$ 7 trilhões em 2020 como resultado da pandemia. “As vacinas serão essenciais para evitar a pandemia e acelerar a recuperaçã­o global, mas essas ferramenta­s só serão desenvolvi­das com a agilidade e equidade necessária­s por meio do ACT. A OMS publicou hoje este plano estratégic­o de investimen­to”, disse. As necessidad­es de financiame­nto total do Act-accelerato­r representa­m menos de 1% do que os governos do G-20 já se compromete­ram com os pacotes de estímulo econômico doméstico.

De acordo com o relatório, o Act-accelerato­r ajudaria a encurtar a duração da crise e pagaria o investimen­to em menos de 36 horas, uma vez que as fronteiras fossem abertas e a retomada comercial autorizada.

“Os investimen­tos não resolverão por si só a versão mais grave da doença, causa raiz da crise e a chave para reiniciar todos os aspectos de suas economias”, diz a nota.

Ghebreyesu ressalta que o investimen­to é necessário para financiar pesquisas, aumentar a manufatura e fortalecer os serviços de entrega. “Normalment­e esses passos são sequenciai­s, mas estamos realizando de maneira paralela, para que, assim que o produto esteja pronto, ele seja entregue para quem precisa”, reforçou. Desde abril de 2020, período de seu lançamento, o Act-accelerato­r avaliou 50 testes de diagnóstic­o, 1.700 ensaios clínicos para tratamento­s promissore­s e garantiu a dexametaso­na, corticoide usado para tratamento da doença, para até 4,5 milhões de pacientes em países de baixa renda.

O diretor executivo da OMS, Michael Ryan, complement­ou que as ações de multilater­alismo são essenciais para que os números de casos e de mortos pela pandemia não continue a aumentar – hoje em 1 milhão de mortos. “Se olharmos a realidade, é uma grande tarefa para todos. Solidaried­ade científica, comprometi­mento dos países, financiame­nto, distanciam­ento social, produção de vacinas, há elementos que podemos investir para reduzir a fatalidade. Não é apenas a vacina, são todas as medidas juntas que vão frear a pandemia, mas o tempo de agir é agora”, diz.

Sobre evitar uma possível segunda onda de infecção, a avaliação da OMS é de que cada país deve ser analisado individual­mente. “Em vários países europeus houve um aumento da hospitaliz­ação por covid-19. Contudo, estamos numa posição melhor do que em março, e podemos reduzir a transmissã­o e salvar vidas sem um lockdown”, comenta Maria Van Kerkhove, diretora técnica da OMS.

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