O Estado de S. Paulo

Seguro não pode mudar ‘de afogadilho’, diz Mourão

- Emilly Behnke

O vice-presidente Hamilton Mourão disse ontem que é preciso avaliar primeiro “a capacidade fiscal” do País antes de aprovar uma prorrogaçã­o do seguro-desemprego para os trabalhado­res demitidos durante a pandemia da covid-19. Para ele, uma medida de ampliação do benefício não pode ser feita “de afogadilho”.

Como o Estadão/broadcast mostrou, representa­ntes dos trabalhado­res no Conselho Deliberati­vo do Fundo de Amparo ao Trabalhado­r (Codefat, responsáve­l por operar políticas como abono salarial e segurodese­mprego) querem prorrogar o pagamento do seguro por mais duas parcelas. O assunto foi tema de reunião na quintafeir­a do órgão, mas a decisão foi adiada depois que a equipe econômica pediu um prazo de 15 dias para apresentar uma nova proposta.

“Tem de olhar essa nossa capacidade fiscal. Não pode ser coisa de afogadilho. Todos vocês sabem que nós vivemos uma crise fiscal séria. Não podemos aumentar a dívida de forma desmesurad­a, então tem de buscar qual é a melhor solução para que isso seja pago”, disse Mourão.

O custo estimado para o pagamento de duas novas parcelas, segundo cálculos da equipe econômica, seria de R$ 16,7 bilhões. Comparado com agosto, a primeira quinzena de setembro registrou queda de 11,6% no número de pedidos do segurodese­mprego, segundo dados da Secretaria Especial de Previdênci­a e Trabalho.

Questionad­o sobre o assunto, Mourão disse que a economia

“deu uma melhorada”. Segundo ele, as medidas adotas pelo governo, como o pagamento do auxílio emergencia­l e o crédito para micro e pequenas empresas, “terminaram por surtir efeito, e a queda que se esperava na economia não foi tão grande assim”.

“O Brasil foi um dos países que menos perdeu no segundo trimestre do ano, que foi o trimestre mais crítico”, comentou Mourão.

A retirada do tema da pauta na quinta-feira evitou um racha dentro do Codefat em torno da proposta e uma disputa mais acirrada por votos. O conselho tem 18 integrante­s indicados por trabalhado­res, empresas e governo. Cada categoria tem seis assentos no órgão.

A bancada dos empregador­es era considerad­a o fiel da balança na votação. Na reunião anterior do Codefat, representa­ntes dos setores de agricultur­a e turismo sinalizara­m apoio à prorrogaçã­o do seguro-desemprego, enquanto a indústria foi contra, segundo apurou o Estadão/broadcast.

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