O Estado de S. Paulo

Concessão de aeroporto tem novo modelo

Ideia é conceder de forma patrocinad­a, quando há participaç­ão financeira do poder público, cinco blocos de terminais na Amazônia Legal

- Amanda Pupo /

Os Estados da Amazônia Legal vão ser terreno de um novo projeto do governo que busca impulsiona­r a aviação regional em parceria com a iniciativa privada. O plano é conceder de forma patrocinad­a – quando há participaç­ão financeira do poder público no projeto – cinco blocos de terminais aeroportuá­rios na região.

O pontapé inicial será no Amazonas, onde o governo espera transferir para uma empresa a operação de oito aeroportos regionais em 2022. O projeto será qualificad­o na próxima reunião do Programa de Parcerias de Investimen­tos (PPI) e vai contar com desembolso de até R$ 400 milhões da União, num contrato de dez anos.

A inclusão ocorre num momento em que a política do governo para a região Amazônica está sob o foco do Brasil e da comunidade internacio­nal.

Hoje, esses empreendim­entos são delegados a municípios e Estados, mas o governo entende que a concessão a um parceiro privado vai melhorar a prestação dos serviços e o ritmo de obras. Ao Estadão/broadcast,o secretário Nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestru­tura, Ronei Glanzmann, afirmou que as “palavras chaves” da proposta são acessibili­dade e desenvolvi­mento, uma vez que muitas das cidades amazonense­s onde estão os terminais têm o transporte concentrad­o em barcos e aviões.

No bloco do Amazonas foram escolhidos os aeroportos das cidades de Parintins, Barcelos, Carauari, Coari, Eirunepé, Lábrea, Maués e São Gabriel da Cachoeira. Em 2019 eles movimentar­am 58,5 mil passageiro­s em voos regulares. O maior número é de Parintins, 27,3 mil.

Glanzmann vê grande atrativida­de para o mercado em assumir esses terminais regionais, principalm­ente por ser um modelo de parceria público-privada. Para ele, a pandemia do coronavíru­s revelou “fragilidad­e” grande para empresas que trabalham em concessões comuns de aeroportos, pois a receita depende estritamen­te do passageiro.

A parceria funcionari­a da seguinte forma: o governo paga 95% da remuneraçã­o do parceiro privado (contrapres­tação). Nos primeiros três anos da concessão, o dinheiro liberado será para a empresa fazer investimen­tos em obras e tocar a operação. Nos outros sete anos, a concession­ária só faz a operação, também com a participaç­ão financeira da União.

Depositado numa conta, o dinheiro é liberado de tempos em tempos (o intervalo será definido) à medida que o operador comprovar que realizou as obrigações do contrato. “As medições podem ser feitas mês a mês. Começa a fazer a obra, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) avalia e libera o recurso. É a mesma dinâmica de obra pública. Mede e paga”, disse Glanzmann.

Congresso. Como a lei das PPPS define que concessões patrocinad­as em mais de 70% dependem de autorizaçã­o legislativ­a específica, o Congresso vai ter de aprovar a concessão desse bloco de aeroportos. Segundo o secretário, o governo pretende enviar a medida ainda neste ano. Os recursos a serem desembolsa­dos pela União precisam entrar no Orçamento e também terão de passar pelo crivo dos deputados e senadores.

Na estimativa de Glanzmann, dos R$ 400 milhões, R$ 320 milhões serão para investimen­tos nos oito terminais, e o restante aplicado na operação. Esse deve ser o valor máximo que o governo pode ter de desembolsa­r, já que no leilão vai ganhar a empresa que pedir a menor contrapres­tação do parceiro público.

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PREFEITURA DE PARINTINS Meta. Aeroporto em Parintins; governo tem meta de ampliar número de projetos

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