O Estado de S. Paulo

Rappi levanta nova rodada de aporte de US$ 300 milhões

Com investimen­to da gestora americana T. Rowe Price, colombiana está avaliada em torno de US$ 3,5 bilhões

- Giovanna Wolf Bruno Capelas

A startup colombiana de delivery Rappi confirmou ontem que recebeu uma nova rodada de aportes avaliada em mais de US$ 300 milhões. Em nota, a empresa afirma que o investimen­to foi liderado pela empresa americana de investimen­tos T. Rowe Price. Segundo apurou o Estadão com fontes do mercado, o cheque avaliou a Rappi em torno de US$ 3,5 bilhões – em 2018, ao receber um aporte de US$ 1 bilhão liderado pelo grupo japonês Softbank, a colombiana estava avaliada em torno de US$ 2,5 bilhões.

A notícia de um novo aporte da Rappi já circulava no mercado: em 18 de setembro, a empresa enviou um documento à Securities and Exchange Comission, dos EUA (instituiçã­o equivalent­e à Comissão de Valores Mobiliário­s brasileira) dizendo que pretendia arrecadar US$ 350 milhões em uma nova rodada de investimen­tos. No documento, a empresa afirma que já tinha conseguido captar parte da quantia pretendida, em torno de US$ 156 milhões, sem citar investidor­es.

Cautela. No mercado, chamou a atenção o fato de que o comunicado não cita os planos para os recursos – algo que é praxe quando empresas recebem cheques milionário­s. A única menção ao tema na nota é a frase “essa rodada de aportes nos permitirá continuar investindo no negócio, nos nossos parceiros e no futuro.” Procurada pelo Estadão, a Rappi disse que não concederia entrevista­s sobre o aporte.

Segundo fontes do mercado, a cautela em torno da divulgação do investimen­to pode ter duas razões: o fato de o aporte ser usado para dar fôlego à operação da empresa em um momento de desequilíb­rio financeiro ou, então, para a criação de uma nova frente de negócios ou aquisição, ainda não revelada.

No comunicado enviado na tarde de ontem, a Rappi citou ainda o cenário de pandemia, quando viu alta na demanda por seus serviços durante o período de isolamento social. “A covid19 trouxe desafios sem precedente­s. Temos nos concentrad­o em garantir que nossas operações sejam capazes de atender a esse aumento adicional da demanda”, afirmou a empresa.

Segundo uma das fontes ouvidas pela reportagem, a menção à pandemia no texto pode explicar o destino do aporte – a reorganiza­ção financeira da empresa após cresciment­o agressivo durante

a quarentena. Outra fonte afirmou que a Rappi é conhecida no mercado por ser uma das empresas que mais “queima dinheiro” – jargão do setor para ações de cresciment­o que envolvem promoções ou descontos para os usuários – e que a captação foi complicada, com investidor­es questionan­do a posição da empresa com rivais como Uber e ifood, no mercado brasileiro.

Antes da pandemia, porém, a empresa passava por um período turbulento: em janeiro, demitiu 6% dos funcionári­os – os cortes acontecera­m num contexto de reestrutur­ação global do grupo japonês Softbank, após crises com outras investidas, como Uber, Oyo e Wework.

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LUISA GONZALEZ/ REUTERS Na pandemia. Rappi citou alta na demanda como desafio
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