Ferro-velho de luxo em Dubai
Maior cidade dos Emirados Árabes ostenta ‘cemitério’ de supercarros
Dubai é um dos destinos mais luxuosos do mundo. Tudo parece exalar riqueza na maior cidade dos Emirados Árabes Unidos. A poucos quilômetros da área urbana e dos arranha-céus (como o Burj Khalifa, prédio mais alto do mundo, com 160 andares e 828 metros), ferrosvelhos lotados de supercarros produzem uma cena inusitada. Estima-se que na cidade existam mais de 3 mil veículos nessas situações, entre os quais modelos de alto luxo e superesportivos, amontoados em pátios enormes à beira do deserto.
A lista dos automóveis abandonados é extensa. Em um vídeo recente postado pela influenciadora digital australiana Alexandra Mary, apresentadora do canal Supercar Blondie no Youtube, aparece uma sequência de modelos de marcas como Bentley, BMW, Ferrari, Lamborghini, Maserati, Mercedesamg, Porsche, Rolls-royce e até o elétrico Tesla Model X.
A maioria sofreu danos severos na carroceria, outros têm sinais de que ficaram inundados, com marcas de areia e lama sobre o revestimento fino de carpete e Alcântara – material sintético normalmente encontrado apenas nos mais exclusivos automóveis. Alguns estão com os airbags deflagrados.
Mas também há vários exemplares bem conservados e, aparentemente, aptos a rodar. Nesse grupo estão modelos confiscados pela Justiça ou que foram abandonados em aeroportos e à beira das estradas no deserto, algo que vem se tornado frequente em Dubai. Pelas leis dos Emirados, pessoas endividadas vão para a cadeia e, para fugir da prisão, muitas largam tudo, incluindo joias automotivas.
Durante a incursão pelo enorme pátio a apresentadora encontrou até uma nota de 500 dirham (cerca de R$ 760) atrás do quebra-sol de uma Ferrari 612 Scaglietti de 2006. O funcionário do ferro-velho que a acompanha diz, surpreso, que já havia visto de tudo nos carros, “menos dinheiro”.
Leilão. A situação acaba por criar oportunidades. Os supercarros abandonados são oferecidos em leilões virtuais, e é possível encontrar verdadeiras pechinchas. Uma Ferrari California T 2015, por exemplo, pode ser adquirida por US$ 40 mil (R$ 221 mil na conversão direta). Esse valor equivale a aproximadamente 40% do preço de um modelo de mesmo ano em boas condições no mercado de usados no país (US$ 100 mil, ou algo como R$ 550 mil). Um Rolls-royce Wraith de 2014, avaliado em US$ 125 mil em Dubai (e que em condições normais custa mais de R$ 3,6 milhões no Brasil), tem severos danos causados por uma colisão.
Por isso, os interessados precisam garimpar para fazer um bom negócio. Além das avarias visíveis (algumas irreparáveis), os veículos ficam longos períodos expostos ao sol forte do Oriente Médio e à areia fina que ataca a pintura. Às vezes, o custo do conserto é acessível a poucos – talvez apenas a xeques árabes.