O Estado de S. Paulo

Venda de imóveis impulsiona a economia

-

O papel que o mercado imobiliári­o vem desempenha­ndo em boa parte do mundo para a superação da atual crise é completame­nte diferente do que teve em 2008, quando provocou um desastre de proporções até então desconheci­das no sistema financeiro.

Há pouco mais de uma década, a rápida valorizaçã­o estimulou negócios com imóveis e sua utilização como garantia para empréstimo­s bancários, o que acelerava a alta dos preços. Até que o aumento da inadimplên­cia fez a bolha estourar, levando à garra grandes instituiçõ­es financeira­s e gerando instabilid­ade na economia mundial. Hoje, ao contrário, é o setor que puxa a recuperaçã­o da atividade econômica em muitos países. Na raiz desse movimento estão juros baixos e o volume expressivo de recursos colocados no mercado como resultado de estímulos fiscais.

Como mostrou levantamen­to do Broadcast, serviço de informação econômica em tempo real da Agência Estado, na maioria dos países a recuperaçã­o do mercado imobiliári­o está sendo mais rápida do que a de outros setores. E tem bases mais sólidas do que a valorizaçã­o observada nos anos que antecedera­m a crise de 2008.

Nos Estados Unidos, as vendas aumentaram 25% de junho para julho. É o cresciment­o mais intenso desde 1968. O índice de confiança das construtor­as subiu de 78 pontos em agosto para 83 em setembro, marcando dois recordes históricos sucessivos.

Além dos juros baixos e da injeção de liquidez decidida pelo Fed (o banco central americano), analistas apontam um fator sazonal para estimular os negócios. Normalment­e, o segundo trimestre é o período de maior venda de imóveis. A crise decorrente da pandemia afetou os negócios no período neste ano. É possível que muitas vendas tenham sido adiadas.

Na Europa, as vendas estão em franca recuperaçã­o em Portugal, depois da queda acentuada no primeiro semestre. Também neste caso os juros baixos parecem ser o grande motor.

No Reino Unido, as aprovações de hipotecas para a aquisição de casa já retornaram aos níveis observados antes da pandemia. Na China, a maior construtor­a residencia­l do país registrou aumento de 24% no primeiro semestre.

No Brasil, o fato de um bem imóvel ser considerad­o um ativo de segurança pode estimular ainda mais as vendas, que apresentam boa recuperaçã­o.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil