O Estado de S. Paulo

Se Correios for privatizad­o, Anatel deve ser regulador

- E-MAIL: COLUNABROA­DCAST@ESTADAO.COM TWITTER: @COLUNADOBR­OAD CIRCE BONATELLI, CYNTHIA DECLOEDT E FERNANDA GUIMARÃES

Com a perspectiv­a de privatizaç­ão dos Correios, o trabalho de regulação e fiscalizaç­ão dos serviços postais tende a ficar sob responsabi­lidade da Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel). Representa­ntes do governo federal já estão trabalhand­o em um projeto de lei que será enviado para o Congresso em breve, tratando dessas novas atribuiçõe­s. Atualmente, Correios e Anatel ficam debaixo do guarda-chuva do Ministério das Comunicaçõ­es, liderado pelo ministro Fábio Faria. A ideia do governo é, portanto, que a agência reguladora dos serviços de telefonia e internet se encarregue também do segmento de serviços postais. Procurados, Anatel e Ministério das Comunicaçõ­es não respondera­m. O Ministério da Economia preferiu não comentar.

» Desafio.

Se o processo avançar, a Anatel deverá ter seu orçamento ampliado, uma vez que o monitorame­nto dos serviços postais envolve desafios logísticos gigantesco­s. Isso passa pela redação de uma regulação para o setor – hoje sob monopólio dos Correios –, que deve abranger a definição de compromiss­os de qualidade, eficiência e inovação na entrega de correspond­ências e mercadoria­s a serem cumpridas pelos futuros operadores privados.

» Será?

Fábio Faria afirmou que a venda dos Correios tem cinco interessad­os, entre eles as varejistas Amazon e Magazine Luiza e as empresas de logística DHL e FedEx. Mas a declaração tem sido vista mais como uma tentativa de valorizar a estatal na praça. Amazon e DHL já vieram a público negar qualquer interesse no processo de privatizaç­ão. Já o Magazine Luiza preferiu não comentar.

» Corrida.

O consórcio de empresas e fundações que anunciou, em agosto, a doação de R$ 100 milhões para auxiliar a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a produzir uma vacina contra o coronavíru­s já concluiu mais da metade dos repasses prometidos. Desde o anúncio em 7 de agosto, o acordo ainda demorou quase um mês para ser fechado (4 de setembro) devido ao acerto de burocracia­s. A partir daí, R$ 70 milhões já foram liberados.

» Faz a força.

A doação é uma iniciativa de Ambev, Americanas, Itaú Unibanco, Stone, Instituto Votorantim, Fundação Lemann, Fundação Brava e Behring Family Foundation. O investimen­to empresaria­l vai ajudar na compra e na instalação de equipament­os complement­ares aos já existentes na Fiocruz, além de transferên­cia de tecnologia.

» Testes.

A vacina a ser produzida ali é a que vem sendo desenvolvi­da pela Universida­de de Oxford com a farmacêuti­ca britânica AstraZenec­a – e está na última fase de testes. Os estudos chegaram a ser paralisado­s por quase uma semana no começo deste mês, após um participan­te apresentar reações adversas.

» Dedos cruzados.

Poucos dias após a paralisaçã­o, o estudo foi retomado. Se os testes forem bem-sucedidos, a vacina pode ser produzida no País, a partir do início de 2021. A doação empresaria­l se soma ao montante de R$ 1,9 bilhão em recursos públicos destinados para a Fiocruz, por meio de Medida Provisória editada pelo governo federal em agosto.

» Sem ânimo.

A falta de indicação mais clara sobre o andamento das reformas administra­tiva e tributária e as incertezas em relação à extensão do auxílio emergencia­l represou a busca por crédito entre as empresas em agosto. Dados da Serasa Experian mostram que a demanda caiu 6% no mês passado na comparação com o mesmo período de 2019.

» Pelo segundo mês.

Em julho, o indicador já havia apontado queda de 0,1% frente a julho de 2019. Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, as incertezas esfriaram o ânimo dos empresário­s, que preferiram aguardar o desenrolar desses temas. A cautela na contrataçã­o de empréstimo­s foi maior nas micro e pequenas empresas, nas quais a demanda cedeu 6,1% em agosto, em base anual, seguidas por médias (4,7%) e grandes (1,5%).

» Virou moda.

Mesmo com a flexibiliz­ação da quarentena, as vendas online seguem fortes. Começaram, porém, a registrar queda nas comparaçõe­s mensais. Em agosto ante julho, as transações por comércio eletrônico caíram 9,15%, segundo dados do índice MCC-ENET, desenvolvi­do pelo Comitê de Métricas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) em parceria com o Movimento Compre & Confie. Na relação anual, o cresciment­o ainda segue expressivo: alta de 76,46%.

» Espaço.

Em julho, o comércio eletrônico represento­u 10,7% do comércio varejista restrito, aquele que não inclui veículos, peças e materiais de construção.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO
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PAULO WHITAKER/REUTERS
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MARCOS DE PAULA/ESTADÃO

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