Geração Z faz sua estreia nas urnas
Candidatos à Prefeitura de São Paulo fazem lives e carreatas, mas distanciamento social não é respeitado por apoiadores e dirigentes
As limitações impostas pela pandemia do novo coronavírus obrigaram os candidatos à Prefeitura de São Paulo a adaptar suas agendas no primeiro dia de campanha eleitoral. A maioria não deixou de ir para a rua, mas o tradicional corpo a corpo foi substituído ontem por carreatas e atividades com menos pessoas. Ainda assim, houve aglomerações. Algumas campanhas também fizeram lives para compensar a falta de “contato” com os eleitores.
O líder na corrida eleitoral segundo pesquisa Ibope divulgada pelo Estadão, o deputado Celso Russomanno (Republicanos), no entanto, ficou recluso no primeiro dia de campanha de rua e passou o dia reunido com assessores, sem agenda.
Candidato à reeleição, o prefeito Bruno Covas (PSDB), que aparece em segundo lugar na pesquisa Ibope, com 18%, fez o lançamento de sua campanha num evento virtual fechado para militantes do PSDB. “Estivemos com mais pessoas do que em qualquer caminhada. No momento apropriado faremos corpo a corpo também”, disse.
Mais cedo, Covas assistiu a uma missa na igreja Nossa Senhora da Conceição, no bairro Vila Suzana, na zona sul. Questionado sobre sua alta taxa de rejeição – na pesquisa Ibope 30% disseram não votariam nele de jeito nenhum –, o tucano minimizou os dados. “A campanha começa hoje (ontem). Deixo as pesquisas para os cientistas políticos analisarem.”
Além de aglomerações, críticas ao governador João Doria (PSDB) também marcaram o início das campanhas de Guilherme Boulos (PSOL) e de Márcio França (PSB). Durante caminhada em São Mateus, na zona leste, Boulos também criticou o presidente Jair Bolsonaro. “Nossa batalha é em dose dupla. Além do Bolsonaro, temos o Bolsodoria”, disse ele, que destacou o fato de ser o candidato do campo da esquerda mais bem colocado na pesquisa.
Apesar dos pedidos no carro de som para que o distanciamento fosse respeitado, houve aglomeração. A candidata a vice de Boulos, Luiza Erundina, fez uma participação por telefone. Aos 85 anos, ela está no grupo de risco da covid-19.
França, que abriu a campanha na Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, participou de um “adesivaço”, que também registrou aglomerações, com abraços e cumprimentos entre os participantes.
Transmissões. Arthur do Val (Patriota) também iniciou a campanha no Pacaembu. Enquanto França colava adesivos nos carros, o candidato do Patriota fazia uma carreata na região em que não foi respeitado o distanciamento. Em vários momentos, França e Arthur do Val foram “puxados” para aparecer em lives e também fizeram transmissões ao vivo do local para suas redes sociais.
Joice Hasselmann (PSL) juntou, na noite de anteontem, segundo sua campanha, mais de mil pessoas num galpão na zona leste. Depois da meia-noite, o que começou como uma reunião de equipe se tornou o lançamento oficial da candidatura. A campanha afirmou que a lotação seguiu as orientações sanitárias, mas fotos divulgadas em redes sociais mostram a candidata abraçada com apoiadores – todos sem máscara.
Para evitar aglomerações, o PT abriu a campanha de Jilmar Tatto com 37 carreatas pela cidade com limitação de duas pessoas por carro. Tatto também optou por São Mateus e, por volta das 11h, a carreata do petista quase cruzou com a caminhada de Boulos, na Avenida Mateo Bei. “Precisamos de bênçãos, de sorte, porque militância a gente tem. E tem o (Fernando) Haddad e o Lulinha (o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva)”, disse Tatto após a carreata.