O Estado de S. Paulo

Palmeiras e Fla empatam após vaivém na Justiça

TST libera jogo entre Palmeiras e Flamengo poucos minutos antes do horário previsto e rivais ficam no 1 a 1 em São Paulo

- Fábio Hecico

Em jogo liberado por tribunal minutos antes do horário, o Palmeiras empatou por 1 a 1 com um Flamengo desfalcado de 16 atletas com diagnóstic­o de covid.

Nem Palmeiras, tampouco Flamengo. O jogo da discórdia que viu uma batalha jurídica antes de a bola rolar terminou em igualdade por 1 a 1, ontem, no Allianz Parque. Perdeu o futebol brasileiro, que mais uma vez demonstrou desorganiz­ação. O confronto foi confirmado poucos minutos antes das 16 horas, horário previsto para o início da partida pelo Brasileirã­o, embora as duas equipes estivessem no estádio em São Paulo.

A decisão causou irritação no time rubro-negro, que se sentia prejudicad­o por ter 16 jogadores infectados com a covid-19. O Fla atrasou a entrada em campo e o início do jogo, mas acatou a decisão da Justiça. Nos 90 minutos, até teve chance de ganhar. Os paulistas, que defenderam a realização da partida desde o começo da polêmica, tropeçaram diante de um time com muitos jovens e sem entrosamen­to, e desperdiça­ram dois pontos na busca pelo topo.

O jogo mobilizou a atenção dos dois lados e foi um show de desinforma­ção e desencontr­o. O Palmeiras estava irredutíve­l na ideia de atuar e seguiu normalment­e sua programaçã­o. O Flamengo defendeu o adiamento. Duas ações no Tribunal Regional do Trabalho do Rio – uma do Sindicato dos Empregados em Clubes, Federações e Confederaç­ões Esportivas e Atletas Profission­ais (Sindeclube­s) e outra do Sindicato dos Atletas de Futebol do Rio (Saferj) – suspendera­m o jogo até 30 minutos antes do horário marcado, mas sempre houve indecisão quanto à medida.

O relógio se aproximava das 16h quando a CBF deu sua cartada. A entidade queria fazer valer o regulament­o assinado por todos os clubes e apelou ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), conseguind­o a liberação para a bola rolar. Mesmo com os apelos do Flamengo por causa do surto da covid-19 no elenco, a disputa foi confirmada.

O despacho derradeiro do TST alegou que a decisão do TRT só poderia valer se o confronto fosse no Rio. Como estava marcado para São Paulo, o Fla teve de entrar em campo, já que corria o risco de perder por W.O. Os atletas deixaram o hotel às pressas para chegar ao Allianz para o jogo, que ocorreu com todos os seus protocolos: hino nacional e minuto de silêncio pelas vítimas da covid-19. O duelo começou às 16h22, com apenas 22 minutos de atraso.

De um lado havia um Palmeiras com força máxima. Do outro,

um Flamengo repleto de meninos das categorias de base ao lado dos mais experiente­s, como Thiago Maia, Gerson, Arrascaeta e Pedro. Com Domènec Torrent também infectado, o auxiliar Jordi Guerrero fez a vez de treinador. Por causa do risco de infecção, os reservas do Flamengo não ficaram sentados no banco. Acompanhar­am a partida das arquibanca­das.

Mesmo com seus principais jogadores – Patrick de Paula retornou –, o Palmeiras custou para levar a melhor sobre os animados

garotos rubro-negros. Na verdade, não fosse Weverton, o time poderia até ir em desvantage­m para o intervalo. O goleiro fez duas grandes defesas em um chute forte de Pedro e outro colocado de Arrascaeta.

A polêmica do ‘joga ou não joga’ parece ter mexido com os palmeirens­es, que custaram a se concentrar no confronto. A pressão esperada sobre um remendado oponente não se fez presente na etapa inicial. Veron recebeu de Luiz Adriano e chutou para fora. Gabriel Menino bateu fraco e Hugo defendeu. O goleiro espalmou bomba de Zé Rafael. Foi isso na etapa inicial.

Ciente de que o futebol foi aquém do esperado nos primeiros 45 minutos, Vanderlei Luxemburgo voltou com mudanças para o segundo tempo e, finalmente, o Palmeiras desencanto­u. Aos 9 minutos, Patrick de Paula arriscou da intermediá­ria. A bola iria para longe do gol, mas desviou em Thiago Maia no meio do caminho e enganou o goleiro do Flamengo: 1 a 0.

A vantagem do Palmeiras durou apenas um minuto. O garoto Guilherme Bala empurrou para Arrascaeta na direita e o uruguaio encontrou Pedro entre Felipe Melo e Marcos Rocha para marcar de carrinho: 1 a 1.

A partida melhorou com os gols. Hugo fez milagre em cabeçada de Luiz Adriano e Weverton defendeu uma finalizaçã­o de Lincoln. Até o minuto final, Palmeiras e Flamengo se revezaram no ataque. Mas não era dia para festejar, tamanha bagunça de liminares. A partida da discórdia não teve vencedor.

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AMANDA PEROBELLI/REUTERS Vontade. Gómez e Pedro disputam bola em uma partida em que os ânimos estiveram acirrados por tudo que aconteceu antes do encontro no Allianz

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