Sempre em causa própria
Não estão nem aí conosco. Portanto, penso que seria o caso de pagarmos apenas taxas de educação, saúde e segurança, deixando de contribuir para esse descalabro de self-service do alto funcionalismo público. Primeiro, o ministro Ricardo Lewandowski, como presidente do STF, em plena crise de 2016 exigiu aumento de 16% nos proventos, porque não conseguia viver então com R$ 34 mil mensais, fora 60% de penduricalhos e todas as despesas pagas. A seguir, Jair Bolsonaro segurou a aprovação do congelamento de salários do funcionalismo por causa da crise econômica para permitir o aumento dos soldos da Polícia Militar do Distrito Federal. O STF ainda decidiu pela irredutibilidade dos salários do funcionalismo, mesmo que este trabalhe apenas metade das 200 horas de praxe. Na quarta e na quintafeira da semana passada fomos brindados com “promoções” em série na Advocacia-geral da União e no Tribunal de Contas da União, modo pouco sutil de aumentar vencimentos. Finalmente, na sexta-feira a Procuradoria-geral da República aprovou uma incorporação de 30% aos vencimentos dos procuradores para equipará-los ao Judiciário. Isso decorre da aprovação pelo Conselho Nacional de Justiça da incorporação de 30% aos proventos de juízes que atendem a mais de uma vara judicial – importante notar que esses senhores despacham processos e não trabalham nem um minuto a mais além do normal no atendimento da vara extra, diferença limitada ao cabeçalho dos processos, e se essa estiver em outro município são devidamente indenizados com diárias para cobrir eventuais despesas. Por último, mas não menos grave, o ministro da Economia, Paulo Guedes, insiste na CPMF, imposto cumulativo, que vai tributar até as mesadas transferidas por pais a seus filhos. Sendo assim, como todos operam em causa própria, caberia a nós, o povo, que sustenta tudo isso, fazer o mesmo e, como em qualquer contrato, estabelecer nossas condições para aceitar tais servidores e seus custos, de modo que toda remuneração dos Poderes da República seja previamente submetida a plebiscito.