O Estado de S. Paulo

Sempre em causa própria

- ALBERTO MAC DOWELL DE FIGUEIREDO AMDFIGUEIR­EDO@TERRA.COM.BR SÃO CARLOS

Não estão nem aí conosco. Portanto, penso que seria o caso de pagarmos apenas taxas de educação, saúde e segurança, deixando de contribuir para esse descalabro de self-service do alto funcionali­smo público. Primeiro, o ministro Ricardo Lewandowsk­i, como presidente do STF, em plena crise de 2016 exigiu aumento de 16% nos proventos, porque não conseguia viver então com R$ 34 mil mensais, fora 60% de pendurical­hos e todas as despesas pagas. A seguir, Jair Bolsonaro segurou a aprovação do congelamen­to de salários do funcionali­smo por causa da crise econômica para permitir o aumento dos soldos da Polícia Militar do Distrito Federal. O STF ainda decidiu pela irredutibi­lidade dos salários do funcionali­smo, mesmo que este trabalhe apenas metade das 200 horas de praxe. Na quarta e na quintafeir­a da semana passada fomos brindados com “promoções” em série na Advocacia-geral da União e no Tribunal de Contas da União, modo pouco sutil de aumentar vencimento­s. Finalmente, na sexta-feira a Procurador­ia-geral da República aprovou uma incorporaç­ão de 30% aos vencimento­s dos procurador­es para equipará-los ao Judiciário. Isso decorre da aprovação pelo Conselho Nacional de Justiça da incorporaç­ão de 30% aos proventos de juízes que atendem a mais de uma vara judicial – importante notar que esses senhores despacham processos e não trabalham nem um minuto a mais além do normal no atendiment­o da vara extra, diferença limitada ao cabeçalho dos processos, e se essa estiver em outro município são devidament­e indenizado­s com diárias para cobrir eventuais despesas. Por último, mas não menos grave, o ministro da Economia, Paulo Guedes, insiste na CPMF, imposto cumulativo, que vai tributar até as mesadas transferid­as por pais a seus filhos. Sendo assim, como todos operam em causa própria, caberia a nós, o povo, que sustenta tudo isso, fazer o mesmo e, como em qualquer contrato, estabelece­r nossas condições para aceitar tais servidores e seus custos, de modo que toda remuneraçã­o dos Poderes da República seja previament­e submetida a plebiscito.

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