O Estado de S. Paulo

AMPLIAR INTEGRAÇÃO E ESPALHAR EMPREGO

Soluções passam por ofertar mais bicicletár­ios e baias para carros de apps, além de fomentar a economia na periferia

- / A.F. e B.G.; COLABORARA­M MARCELO GODOY e BRENDA ZACHARIAS

São Paulo dispõe de um sistema de ônibus com mais de 1,3 mil linhas, que transporto­u, em 2019, 2,6 bilhões de passageiro­s. Mas, na maioria dos percursos, os ônibus dividem espaço com carros, já que são apenas 257,3 quilômetro­s de vias dedicadas exclusivam­ente aos coletivos, por meio de corredores. Esse número é o mesmo desde 2016.

E o prejuízo de quem mora distante do trabalho não se dá somente no tempo gasto, mas no bolso. A passagem de ônibus em São Paulo custa R$ 4,40 e a integração do sistema com o metrô, R$ 7,65. Para o trabalhado­r que arca com esse custo, o valor pode passar de R$ 15 por dia – ou R$ 300 por mês.

Mas, apesar de ter deficiênci­as, o transporte não é o maior vilão quando o assunto é mobilidade, segundo o arquiteto e urbanista Vinicius Andrade, do Insper. “Achamos que a raiz da questão é que os empregos estão concentrad­os na área central e a habitação, na periferia.”

Uma das soluções seria produzir uma cidade mais policêntri­ca. “Parte das comunidade­s na periferia está bem estabeleci­da, mas sem infraestru­tura. Deveríamos valorizar esses polos e incentivar uma economia local para geração de empregos.”

Mas esse tipo de política não exclui, de acordo com o professor do Mackenzie Vladimir Fernandes Maciel, a necessidad­e de se investir em transporte. Mais do que novos corredores de ônibus, quem comandar São Paulo a partir do próximo ano precisará melhorar a gestão do sistema. “Falta integração entre os diferentes modais, bicicletár­ios em quantidade suficiente para pessoas que usam a bicicleta integrada ao sistema e mais faixas exclusivas, além de baias de embarque e desembarqu­e para integrar os terminais, metrô, ônibus com os aplicativo­s”, afirma Maciel, que é especialis­ta em mobilidade urbana.

Com a pandemia da covid-19 e a adoção da quarentena, uma lição ficou clara: evitar deslocamen­tos e reduzir a exposição à poluição do ar é ter mais tempo com a família e menor risco de desenvolve­r doenças.

Rotinas. Desde março, Pedro Senger trabalha de casa. “Eu tenho uma rotina mais flexível, posso solicitar home office quando quiser. Como eu faço doutorado, grande parte do meu trabalho posso fazer de casa”, diz. Na realidade de Vandersilv­a Simeão, porém, nada mudou, mesmo com a pandemia, já que o trabalho dela não tem como ser feito de forma remota. À noite, antes de dormir, Vandesilva ainda deixa o almoço do dia seguinte pronto.

A pontualida­de, para ela, é essencial: um minuto de atraso na hora de sair de casa pode lhe render outros 30 minutos de espera pelo próximo ônibus, que ainda tende a estar mais cheio. Senger também é pontual, mas, no caso dele, a possibilid­ade de um contratemp­o é menor.

Na volta do trabalho, o tempo que Senger leva é o mesmo da ida. Após dez minutos de caminhada, está em casa, pronto para fazer os serviços domésticos. Já Vandersilv­a, quando chega, por volta das 18h, tem de planejar bem o tempo para conseguir cumprir as tarefas e descansar. Em poucas horas, começa tudo de novo.

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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

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