O Estado de S. Paulo

Chamar rival de ‘dorminhoco’ pode ser tiro pela culatra

SÃO JORNALISTA­S

- ✽ Annie Karni e Maggie Haberman / NYT

Opresident­e Donald Trump enquadrou o primeiro debate da eleição geral, marcado para amanhã, como um teste para seu oponente, o ex-vice-presidente Joe Biden.

Como ele atribuiu ao rival um nível tão baixo por tanto tempo, muitos de seus apoiadores – tendo assistido a vídeos nada lisonjeiro­s e muitas vezes manipulado­s de Biden em anúncios de campanha de Trump ou na Fox News – agora esperam que o presidente “esfregue no chão” um oponente incoerente em algo parecido com uma luta livre. Os democratas – e até mesmo alguns republican­os – acreditam que isso provavelme­nte não acontecerá.

A noção enganosa de que Biden está muito desnortead­o para assumir a presidênci­a é impulsiona­da por Trump desde 2018, quando ele começou a se referir ao ex-vice-presidente como “Sleepy Joe” (‘Joe Dorminhoco’). Desde então, em discursos, entrevista­s e comícios, Trump vem elaborando uma narrativa que retrata o ex-vice-presidente como alguém de pequena estatura física e mental, na esperança de fazer os eleitores acreditare­m nisso.

Mais recentemen­te, o presidente lançou a conjectura infundada de que Biden usava drogas para melhorar o desempenho nos debates. Aliados de Trump levaram o assunto ainda mais longe. O deputado Joe Murphy, da Carolina do Norte, afirmou abertament­e no mês passado que Biden sofria de demência.

Tudo isso significa que se Biden não parecer fraco, o tiro saiu pela culatra. Brett O’donnell, um estrategis­ta republican­o que treinou candidatos para debates, disse que a campanha de Trump pode ter dado a Biden um presente não intenciona­l.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil